Ah,
que o que eu queria era descansar
noites e dias em plena alegoria de meus sonhos
desaparecerem e me não mentirem mais.
Os desejos e ímpetos irracionais
que surgem...
Coisas tão absurdas e sensatas.
Oh, mas a sensatez é coisa de pensador
que tem o que comer e veste a vida a perder.
Coisa da vida é andar,
deixar fluir,
lidar com a desgraça trazer
outra que lhe estará grata.
Tanto cansaço,
a descrença no dormir
(embora que durma),
coisa dura,
dura e dura.
Mas é impossível descansar,
é impossível "pedir um tempo"
à vida.
Pois ela é
e nós nos temos só de resignar a isso.
Habituado à guerra invisível que sou,
só sei dela e o resto,
muito bem que existe
mas só.
O desafio,
o ir além,
mesmo que sem forças
e até (quase) algum desdém.
Ir.
Ir e deixar o sei lá nos governar
como deus de quem não o vê
e só sente.