Estranha uma vida
De passageiro,
Longe de seu lugar-mãe
Longe dos seus.
Tudo parece o mesmo
Porque tudo é o mundo
E as pessoas.
Começa o despiste
Tudo corre e tu aparte.
O mundo pensa em ti e
Tu não nele,
Estás aparte
E a vida é dificil.
O que fazer
Quando o calor
Da noite está longe
De ter acabado?
Como começar algo que nunca
Começou e onde está
O fim da meta que
Ninguém escolheu?
Onde corre o rio sem fim?
Longe de ti,
Longe de ti concerteza,
Que medo sinto dessa falta de energia e calor humano.
O vento corre e tu o sentes
Mas já não o sabes pôr em palavras,
Tudo acabou e nem deste
Por isso, qual o erro
No meio disto tudo?
Longe, longe de ti concerteza.
Medo será?
Será medo o que nega
A vida,
Prescindindo dela
Ao viver em vês disso
Uma vida de ilusão
À frente da televisão
E em desejos que mais
Não são do que moedas
Para uma carência espiritual.
Qual o medo de viver?
Saber ter um nome e não o dizer,
Dizer outro para o esconder.
Não sei.
O tempo é um constante julgador
E tão sereno e altivo
Que não há como o julgar.
Mãos finas e pêlos fortes
Estranho acontecimento esse.
Que ponte esta que me ofusca o olhar
E me penetra a alma abatida
Curando-a parcialmente de sua doença?
Doença essa que é o pensar
O pensar é sangue escorrendo
Pelo chão da calçada,
Deixado ao relento
Sem ninguém para o usar.
Meu sangue é divino.
Faz-me ter, sentir, pensar
Sem ele não existia de facto.
Mal meu pensar que isto seria
Tudo um mar de rosas,
Longe está a realidade
De corresponder a isso.
Foge de mim sentimento,
Foge de mim que já não te sinto,
Eu agora quero estar
Sozinho vazio, deixando-me
Morrer aos poucos em plena
Ataráxia, deixa-me falecer
Pois é isso que mereço.
Meu lema é: se não fazes
Pela vida deverias morrer.
É talvez uma idiotice
Não sei,
É uma força de vontade,
É uma vontade de iniciativa.
Quero começar ou acabar algo
Não continuar.
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