sábado, 24 de julho de 2010

Eu meu lugar: mundo.
Assisto a tudo ileso profundo sorrindo ao cansaço,
Ando mais um pouco que me vem o dia.
A noite de mim persegue e eu fico fugindo dela
Sonhando o dia o mais que possa nesta pequena mente que me anuncia.
Se desespero me resigno, hoje de mim não fujo,
Não há nada a fugir,
Tenho em mim o mundo e dele me quero aqui.

Raio de sol me é absurdo, tento a luz da lua
E logo me acho imenso, conheço os espaços e reentrâncias
São meus e neles me sento como uma maçã
E vejo o espaço que não é muito.
Inalo o fumo da tristeza e expiro sonho,
Sou delicado no meu orgulho e nele sou sereno.
Preciso do ódio, preciso do amor,
Preciso ver o que não quero para saber o que sou.
Alistam-se ao longe os batalhões da conquista
Eu fico a olhar no canto escrevendo
Não por onde eles marcham mas por onde marcharam.
Assisto a tudo e me fico seguindo os passos, relatando,
Um amanha incerto que virá surpreso
Mas doce de apresso que de manhã eu chego.

Alisto-me, eu, na minha vida.
Camisa aos ombros sou eu e todo o meu mundo.
Destas cansadas poeiras
Ocorre o desejo faminto e sem folgo
De apontar em frente e desejar
Uma vez mais o ainda não visto.

Soletrar letras que não se conhecem,
Sorrir ao ver um novo costume,
Mastigar uma nova textura
E agradecer silenciosamente
Ao vento
A graça de poder ver e sentir tudo "isto" novamente.


Silencio vem aí o hábito,
Silêncio o tempo passa
E fica tudo e só vai
Quem nos queria.
Silêncio a morte começa
A nascer aos poucos dentro de nós.

Filhos façam as malas
Há que viajar,
Há que torcer estômago e intestinos
E comer pouco
Para se estar leve, há que ir.

Logo se salta a porta massiva,
O vento louco atiça.
Ai que vamos logo na primeira carruagem
Ela há-de estar vazia, manhã fora
Ela de sábado estará vazia.

Santo dia da partida,
Já tudo se forma não é a luz nem o calor
É sim o espaço imenso que é acolhedor.

Vida a 360 graus ai que a vida é tudo isto
E estamos nós nela sentindo.

Aldeia e mais aldeia
Sentados nas cadeiras os velhos sábios
Que já podem ficar
Havistam quem se vai com uma mão
Ao cimo desejando boa viagem,
Boa vida.
Ela corria quase que semi-nua
A olhar para trás e não tropeçava na areia da praia.
Ela me olhava,
Corria em frente e olhava
Para trás, para mim.
E eu que era um bom menino
Que sorria deliciado
Pela bondade que me prestavam.

E eu que era um bom menino
E não pedia nada
Satisfazia-me sozinho.

E eu que era um bom menino
E olhava o mundo
Bonito próprio de um bom menino.

E eu que era um bom menino
Que fazia o que me diziam
E ficava feliz por isso.

E eu que era um bom menino
Mas que já não sou
Morreu menino
Nasceu Homem.

O menino enterrado
Dentro do homem
Ainda vive mas fala baixinho e raramente
Já que está no outro mundo
Feliz a brincar,
O mundo dos mortos meninos.

E quando o Homem
Passa rente à morte
Mais sente e fala
Com o menino que se chateia
De interromper sua despreocupada brincadeira
Para falar com o Homem que afinal
Ainda o tem cá dentro.

No abismo da tristeza e solidão
Estão juntos, se encontram e falam
O Homem a se lembrar do menino
E o menino a brincar para o Homem o observar.

(O menino também gosta disto por vezes.)

Agora o Homem esse só observa o menino
Nessas alturas
Porque não consegue observar mais nada.

O Homem quer seguir e se realizar
E o menino, esse só quer brincar.

Quando o Homem está-se realizando
O menino desaparece no seu mundo
Mas como assim é
Brinca mais que nunca, feliz e despreocupado
E nesta energia intima
Se cria um ciclo vicioso,
Uma inércia de bem estar espiritual.
O menino que está enterrado cá dentro
Vive mais que nunca no seu mundo
E o Homem sem menino para se preocupar e observar
Se realiza mais que nunca na vida.
Já ontem cá estava
Aqui uma densa camada de névoa
Que traduzindo diria: falta de esperança.

Uma triste aura que paira sem dono
Que nasce do colectivo
E perde a responsabilidade.

Sinto-a está aí:
Há mais intervalos de silêncio,
Mais gente só,
Até o pássaro pia baixinho
Sem qualquer vontade, quase só como obrigação da sua natureza.

Esta tudo tímido,
Schhh fala baixinho
Não perturbes quem te oprime
Deixa andar que isto há de passar.

Mas ficando nós neste pé atrás atroz
A conversa se perde e as esplanadas vazias
Bem se sabe que não trazem
Qualquer alegria.

Mas fica-se e vai-se
Passando mas ficando
Já que há de tomar conta da ausência
Não vá ela fugir
E mostrar sua essência.

Há que ficar,
Há que dizer coisas,
Beber uma outra cerveja
Falar de ontem e de amanhã
Mas nunca de hoje esse não existe.

Que estranha forma de vida.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

A loucura é a única maneira de ser insisto.
Persisto em desaparecer por detrás duma máscara intelectualmente formada para desviar atenções do meu intimo deveras sagrado.
Persisto na procura do nada. Alienado do conforto da comodidade não sei se não estar sentado em pleno voo mental.
Nada me estorva a confusão do mundo se eu mesmo proponho minha confusão a sair para as ruas por onde caminho.
Triste dizer não que é um sim carente, jamais!
Se tenho que ser louco para me realizar que assim seja.
Antes há terra e mar lembrando a saúde desta união universal.
Eu nasci dela e logo me cercaram de doenças, minha espécie de animais desprezáveis que são os seres humanos que no entanto não considero deveras minha raça mas tão somente minha espécie.
Minha raça terei eu de fazer nascer com meu sémen intelectual em cima de tudo o que olhe e fale e toque.
Pois o que é o mundo senão comigo nele existente?
Nada, com certeza nada, só uma sequência de imagens sem conteúdo sem parênteses de explicação ou entendimento.
Furto seguro que eu lembrei a meu ser quando caminhava leve havistei e logo furtei esse poder de ser, essa eloquência de saber conquistar, domar e orientar energias e atenções que correm soltas pelo ar sem dono, pois quem as recria(não cria claro) e reproduz é gado a meu bom entender, não possui o que provoca, é quase dele consequente, é nada claro, daí para a frente, só um repetidor de emoções, de sentimentos não dele mas de um colectivo no qual se sente seguro não existindo.

E ficam por aí olhando: por uns tenho devota simpatia, principalmente os velhos e as crianças, que no fundo querem compreender, por outros os adolescentes e os adultos, uns tanta confusão narcisista os faz esquecer o que vêem e outros observando algo fora dos moldes de seu conforto e comodidade censuram mesmo que seja por admiração oprimem pois fazem parecer que é consciente esta maneira de ser existente.

E plano pelos confins da mente, drogo meu ser para não o ser involuntariamente pelo sistema ditatorial e antinatural.

Aparafuso sentimentos, desaparafuso outros e tento compreender o que fica de essencial, aquilo que no fundo vive livre da mortalidade aquilo que é somente energia universal.

Se tenho que ser de sociedade que o seja mas serei louco para me manter são no intimo. Queria aprender o campo ser como energia, sem consciência nem auxilio, seria.
Mas não há ainda, lá para a frente talvez irei para o campo agora por mais fútil que pareça dizê-lo
Não há dinheiro.

Mas há vida, essa há até a morte, portanto vive-se ou simplesmente se entende o estar vivo.

Mas já que serei em sociedade sê-lo também como ela, louco, solto e liberal aberto á loucura que vem sem se desejar mas que de alguma forma se pode aproveitar.

Tendo sentido de tudo sinto agora somente a passagem nunca o presente mas seu movimento do passado para o futuro e assim me quedo a interpretar tudo como eterno infinito.

Tenho visto de tudo mas viria certamente mais alguma coisinha,
Tenho feito de tudo mas sempre me falta algo,
Insatisfeito talvez por principio pois a satisfação séria nasce da insatisfação aceite.

Vivo outro, era papagaio, agora coruja mais tarde quem sabe águia.

A norte o frio,
Ao sul o quente
E na tangente oscilo entre o calor e o frio
E assim crio.

Pois a séria criação nasce do meio do extremo dos dois.

Se tenho que ser para viver, serei somente isto que sou actualmente.
Incerta certeza
Tropeçou em mim
E eu que estava
Fixado no nada...

Agora que atraído
Pelo distraído
Que há em mim
Fico assim, só.

E eles olham
Ao longe
E se os olho
Viram a cara.

Que pensarão de mim
Estas sombras que me olham?
Sou assíduo até prolífico
Do meu estado,
Da minha procura.

Deixo-me encontrá-la.
Quando a sonho num dia
Sei de mim que mais
Tarde naturalmente minha mão
Alcançará o que antes somente tocou com o pensamento.

Fica assim um espaço de tempo
Em que cesso o pensamento
E o alcanço fisicamente.

Sei de mim o suficiente agora
Para me julgar capaz,
Inevitávelmente capaz, de alcançar o que sonho.
Pois abdico de tudo para que
Em mim se instalem as forças incógnitas
Do que eu sonhei.

Voo com o tempo
E ele me leva onde tem de levar,
Assim na encruzilhada
De terra e mar
Encontro o que não procurava
Mas desejava alcançar.

No silêncio do cais
Havisto uma caravela imensa
Que se adensa com o mar,
Seu caminho.

Sonho ser um nada
Para que esse incógnito
Nada me leve a tudo
O que tenho a saber
E por consequente ser.

Portanto neste vem e vai
De angústia humana
Construo meu sonho individual de alma
Despejada do físico
Tocando no universal.
No fundo sinto-me um estranho à condição de ser humano,
É como se não o fosse.
Como se nunca tivesse pousado no corpo
Mas flutuado ao seu lado
Observando com curiosidade
Todos os seus movimentos,
Todas as suas atitudes e reacções, emoções e sentimentos.

É como tudo o que eu sou
É uma constante de questões
A decifrar e compreender.

Nada ocorre então sem ser ponderado ou pensado
Logo tudo o que não é desta forma controlado
É deveras indesejado.

Logo serei neurónio antes de ser sangue
Aí está a minha alienação
Do reino dos seres humanos.

Para mim eu sou uma incógnita a decifrar
Logo é como o mundo começasse e acabasse em mim
E a realidade é só uma máquina que acontece
E mexe cordalitos aqui dentro que eu tento compreender.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

De equinócio maravilha o furo se alargou
Deixou água entrar e apagou fogo.

Logo de seguida se o tentou acordar
Mas de húmido estar havia-se ter de esperar.

Anos passou e não o havia em calor nem em luz
Escuro e frio percorria o labirinto
Com o tacto e o ouvido.

Houve então um dia em que o sol palpitou
As faces do horizonte
E olhou para a gente faminta e se deleitou
Em as oferecer sua majestade.

Depressa se evaporou o que restou
De água fria
E se recriou o fogo
Com um bocado de fantasia.

Festa nessa noite, cabrito assado
E vinho a acompanhar
A digna lua que não tardava a chegar.

A noite quente de terra a respirar
Esperou ansiosa pelo sol
Para que não cessasse
O extase novo do quente ar.

Lá de manhã já os havia ao milhar
Belos pequenos grandes
Pássaros que celebravam seu chilrear.

Adensa-se a maresia
E a dança na gente continuava sem parar
Não seria noite de dormir
Mas antes de festejar.

Vieram visitantes do longe esconderijo
Para acompanhar
Os cantos imensos que se faziam
Sentir sem cessar.

Tudo isto fez o sol manifestar,
Tudo isto pôde ele proporcionar.
Vou ficando, deixando-me ficar,
Que as forças estão centradas só num sitio
E só aí me pertencem,
Que as solto por aí e logo me caio sem chão onde cair.

Poço profundo criei quando só gerei vida na mente
Deixando o corpo para trás já que a realidade era demais medíocre
Para a fazer mostrar a meu corpo e olhos.

Fui mente e sou-a plenamente, só mente.

Que me venham prender e enclausurar que ainda
Terei minha mente e como a lobotomia
Foi proibida há muito estarei sempre apto a ser feliz na mente.

Espécie de corpo abrangente
Sou vários e me fico por aí
Já é bom assim, podia ser melhor,
Podia até ser pior mas como tudo,
É só assim como é.

Para mim amor é inteligência,
Logo amor é ler um grande escrito
É perceber algo, é conhecer algo, é sentir algo,
Tudo isso é amor.
Vergonha de existir



Saber o que se tem,
Saber o que se perdeu
Mas ficou em forma de peso,
Em forma de dor física
Mas orientação mental.

Vida amaldiçoada pela salvação,
Recantos escondidos
Os que mais vejo se apropriam de mim
E eu tenho de os ser e decifrar para me
Livrar deles
Para logo noutro cair asseguir.

Noite em compasso menor,
O dia é a minha noite
E a lua e o escuro
O calor do meu feto interior.

Na noite tenho espaço para ser
O dia é para os outros.

O anoitecer teu é meu amanhecer
Aí nasce em mim aquela
Vontade de ir além
E me deixar possuir
Pelo ideal em concretização
Mental ou boémia.

Não me posso dar ao luxo de ser passivo
Senão morro esmagado pelo que já sei,
É só ir em frente com pressa de satisfazer
Este estranho Deus que me pisa a existência
Em forma de ideias e conclusões.

Quem me dera ser simples
E comum breve e passageiro
Ser que vive logo morrendo
Dando lugar a mais um
Muito semelhante a ele.

O meu segredo é a curiosidade.

O que me mata: a ignorância do mundo humano.
Que em chamas porventura vesquisos
Se alentou meu coração em sons sobrenaturais
E esguichos dançantes que febrem qualquer corpo
Ao aconchego da procura inalcançável.

Porventura genial e até além animal é calor humano vesquiso.

Deixei-te ser quem eras
E deixas-me assim deixado.

Sei demais para me manter atento,
Sei demais para realmente conseguir,
Pois já o consigo na mente
Porventura com gente que se me avizinha
Mas não existe.

Sede de sedenta lebre que
Se aproxima é febre tenra
Da minha vacina que tenho em vista
Mas não tomo.

Que a doença vive em mim
E a cura a também tenho
Mas a deixo só á vista de ser tomada
E não aplicada.

Quero esse meu controlo
Como se fosse eu o dono
Da minha existência
E não a vida
E não o Deus que reza lá em cima.

Mundo fútil quer-me no meio dele
O mundo fútil e eu de fraco ser
Agora não me prezo em aparecer
Para mostrar meu eu,
Fujo que nem cão de rabo entre as pernas
Pois já não sou corpo
Mas só mente e essa
Nem me é deveras pertencente.
Piso morte e ando á deriva, procuro o que já não alcanço e alcanço o podre que nunca julguei-me pertencer.
Nunca berrei indignado com o que se ía pois estava sempre vidrado no sol que se seguiria. Sedento do novo caiu-me noite em cima e aí virei costas á noite e olhei a minha caminhada, caminhando agora para trás indo para a frente vislumbro o passado e esqueço a noite que se me virasse vislumbraria. Quem passa olha e eu sorrio cheio de vergonha pois sei que vou caminhando de costas para a noite mas na mesma para ela contemplando as pegadas antigas da minha pessoa quando esta ainda caminhava com os olhos a olhar para onde se propõe a andar.

Continuo caminho mas de costas sem ver jamais por onde passo, sem vislumbrar onde piso, poderia até por momentos me virar e por acaso ver o tanto esperado sol mas tenho medo pois já me virei muito no principio quando já caminhava de costas e sempre via escuro.

Busco agora as pegadas do passado vendo se encontro algo que me faça de novo capaz de resolver o meu presente que não confronto com os olhos.

Quando uma pessoa caminha para onde os olhos vêem sabe onde pisar e quando caga a merda fica para trás, agora se caminha de costas sem ver onde pisa concerteza tropeça mais e principalmente quando caga pisa sempre sua própria merda.

Não dá jeito andar para onde os olhos não vêem.
Inalo o fumo da vista
E escolho outro cigarro da algibeira
Esta funda que nem saco do lixo
Requer pericia para se encontrar
O que se procura.

Deambulo que nem um preso solto
Que já não sabe o que é
Cuidar de si
E só se alia ao que manda em si.

Corpo lá anda sozinho,
A mente com brutas
Paredes de aço maciço
Só deixa ver o que não faz sofrer.

Custa a subir as escadas,
Velho por dentro
Podre mesmo de tanta vida reprimida
Sem aparente razão.

Sou aquele que não
Pede perdão mas que o sofre
Para sempre bem dentro
Do coração.

Sou aquele que se finge quem foi
Para não mostrar
O que não é
Que agora é.

Sou aquele que vive
Querendo morrer
Mas sem o querer realmente
Vive contrariado.

Sou aquele que foi
Abandonado e não querendo
Perder o que lhe foi dado
Deixou de ser quem era.

Sou aquele que hoje não é nada.
Ficaste séria com o que te disse
E pensei ser passageiro.
Lembraste-te da noite e ainda era dia,
Deitaste teu corpo no chão
E comeste em vão o que te aborrecia.
Nunca mais foste a mesma
Morrias ao andar
E saltavas ao dormir
Deturpaste o sentir,
Queimaste a aura que te liga ás pessoas
E choraste a minha despedida.
Da calma nasce a alma
Do esforço o seu transporte.

Ser total é compreender
Certas fases da vida
Em total dedicação a uma só parte de cada vez.

A alma – o espiritual/transcendental
O intelecto – a inteligência racional
O corpo – força e resistência
A emoção – o afecto e o amor.

Penso que são estas 4 áreas totais
Que desenvolvidas cada uma á parte intensamente
Juntas formarão um Deus
Com pés e coração humanos.
Proponho-me agora a reconhecer-te as virtudes para que me digas as minhas e nisto eu me isolo no fundo de mim mesmo trazendo a âncora que me deixa à tanto encalhado nesta sombria tempestade. Dando-te a mão em seguida e um olhar terno e um fenomenal silêncio que tu agradeces humedecendo os lábios e os olhos.
Conheci-te á pouco e já por ti estou apaixonado, sangrei assim todo o meu ódio de imediato substituindo-o por “sim’s” que rebentam com toda e qualquer barreira que fica por aí parada que nem velho abatido em ressaca de guerra desamparada.
Perco-me aqui na areia com o som ensurdecedor do mar – há que gritar: “vós incessantes ondas, vosso movimento de trás para a frente deixa-me zonzo e mal disposto, parai para mim e só para mim, para os outros continuai mas para mim parai!”

Mas as ondas lá continuam a ir e a vir, a ir e a vir, não se cansam, não se afligem, continuam, não pensam 2 vezes nem sequer 1 vez! Continuam.

Gostaria de te conhecer à milénios e como consequência disso fazer amor aqui diante do sol, do mar, da areia, do calor e diante dessa gente toda que finge viver. Faríamos um amor agora dengoso, quente e carinhoso. Pedíamos ao universo para nos acompanhar embora reparássemos que já ele nos andava ás cavalitas.

Beijos e corpos besuntados de suor e amor e areia se amansam e averiguam caminhos mais prazeirosos para a união destes dois corpos que juntos, se belos, formam um ser perfeito e mais que humano, um ser de concorrência divina, um Deus.
Ai querida teu cheiro e pele calam-me as sirenes intelectuais, deixando-me ser humano uma vez mais. Teu jeito feminino minha gramática do espiritual na terra, a arte de pedir ou rejeitar observo-a em ti. Tenho calores de te ver pronunciar certas palavras, jeitos de olhar e de boca, fico doido e selvagem, quente e atento em ti e em mim, de momento só isto me interessa.

O mundo que caia redondo no chão, este momento é para sempre: quente.
O vento sopra a vida
Muda o coração se fecha
Em solidão a lágrima quer sair mas não sai.

Provém daquilo que falámos à pouco,
Sabendo que é ferro o que nós colhemos
Corri água pelo planalto acima,
Antes ela descia.

Não cai mas se estica, não morre mas se expande,
Carece e fica come a própria língua com fome e sede
Sem alcance parecer a vida.

Mexer mundo, mexer vida,
Salta-me a barriga de mim e anda por aí,
Assim sou agora deveras magro, sem fontes,
Leve para poder transportar mais facilmente,
Recorro á mente, invoco o pensamento
E sento-me então acolhedoramente no chão.

Quem ficou secou e quem foi se eliminou.

O vento levou a poeira e com ela voei eu também
Por erro ou pelo acaso fui e voei.

Confuso no meu discernimento acabei acabando
A minha obra em pedra ficou e então me lancei para o vento
Para ser simultâneamente quem vai e quem fica.

Sendo tudo abdiquei de ser coisas para ser um nada
Que me permite ser tudo experimentando, evoluindo
Ficando um pouco e depois seguindo.

Por vezes podia morrer pela simples consciência
Do sofrimento que me atravessa a mente.

Vida tem sofrimento, mas este tem de ser abraçado
E aí assim de suas mãos escondidas nas costas
As trás à luz dos meus olhos e surgem-lhe
Nas mãos presentes e abraços,
Cortejos e canções,
Festas e multidões.
De tocada pela lua não tens muito,
Pelo céu talvez
Mas no sol aí te elaboras
Como deusa da minha existência onírica.

Céu, nuvens, mar, areia,
Precipício e vegetação
Tudo isto a escrever
Com um cigarro na mão esquerda
Caneta na direita e
Uma cervejinha à espreita.

Não me estás longe,
Talvez longe no material
Mas em mim existes
Por completo todo o dia
A toda a hora.

Perdi-me ao te conhecer
E evaporaste-te em 2 adeus.
Que é de mim?

Fico aqui que nem cão abandonado
Que nem triste frustrado
De não ter agarrado
Quem me agarrou a mente.

Lanças feridas já sem bico no fim,
Não penetram, só magoam
Quem assisti e quase abracei
Depois de ti.

Aprendi a viver sem estar aqui
E nisso me tornei surpreendente e invulgar.

Carente inércia que me presta a reconhecer
Que daí não me consegui levantar e recomeçar
Que por aí fiquei sem forças a rastejar.

Mas continuo minha raça
Mesmo sem ti.
Tem de haver um fim
E eu quero vê-lo assim
Mesmo que sem ti.
Da escuridão e da morte alegro-me
Ao ver saltar do fundo uma racha vaginal
Que deixa o primeiro raio
De sol me atingir em cheio num eterno
Amanhecer que me junta a meu
Deus que sou eu mesmo
Esticado ao máximo
Em forma de árvores, plantas e animais.
Asterisco quebrado por entre sombras e lingotes de carvalho empobrecido pelo fumo pestilento dos narizes alarmados de quem de sangue fez grandes estruturas e de alma dinheiro.

Terra besuntada de whisky e petróleo, flores castanhas e cinzentas fruto das expirações dos carros que transportam pessoas do lar para o trabalho, para as compras e de novo para o lar, a bela espiral de vida quotidiana de escravo ocidental rende-se à vida fingindo-se vivo encontrando sorrisos nas prateleiras compra-os e depois os usa como forma de não ser e adiar esse dever até não mais o haver.