quinta-feira, 12 de março de 2009

Páro a inércia do mundo.

Ela pára em mim
Quando assim o desejo.

Tenho esse poder
Por me achar importante
E relativamente responsável
Pela raça humana.

Quem não existe ou é fraco,
Que vai dar ao mesmo,
Limita-se a passar
A mensagem recebida ao outro,
Fazendo deste movimento a grande escala
Como uma onda no mar é um conjunto
De milhões de gotas de água.

Essa tal “mensagem” pode ser um acto de violência recebido
Ou um sentimento individual que acontece
Por consequência de algum acontecimento real ou interior.

Afinal somos um animal social
E funcionamos como cardume ou como virus,
Dependendo da perspectiva,
Quando todos juntos.

A democracia ajuda a esta onda gigante,
A este passar de mensagens fácil e fútil.

Já não há cultura nem valores superiores para parar a onda.

Mas existo eu
Que páro a inércia do mundo.

E existem tembém muitos mais eu’s por este mundo fora,
São esses eu’s
Que realmente sentem a brisa no ar e o sol a raiar.
O que fizeram á
Alma abatida
Do pico do castelo
Da montanha?

Estará viva?
Estará morta?

Que ideia criá-la
Numa perspectiva a que ela
Não corresponde!

Lá em cima neva
Mas por onde
Ela passa todo o
Gelo derrete
Tanta é sua brasa
Em guerra.

Mal os aldeões souberam
Que seus pensamentos eram de extrema liberdade
(E não de acordo com os
Valores da sociedade)
Enfeitiçaram-na numa jaula em que o ferro
É feito de lixo
E á volta existe uma ilusão constante
De tristeza imensa..

Essa alma corria seus pensamentos
Girando numa panóplia deles
Fazendo-se acreditar que os vivia a todos
Simultaneamente.

Sabia ser uma ilusão
Mas que mais é a própria vida se nao a ilusão que criamos ao vê-la com nossos
Olhos e pensamentos.

Sala da noite solitária
Nao mais és
Que a fantasia universal e infinita de um
Desejo monumental
De um pensador
Normal.
Estando ela na ausência de sua própria pessoa
A distabilizar
O centro do meu mundo incógnito
Que se decifra
Por um vocabulário farto e complexo de origens
Antepassadas á vida em si.

Rejo sangue de poder através de um pénis
Do entardecer.

Forte virilidade transforma corpo e alma frisando a existência
Julgando-a como crucial á competência.

Nela há ausência, em mim o passado da consciência.
Viver sobre uma pedra dura do granito
Parece desconfortavel,
Mas onde perde o calor fútil do confortável
Ganha a plenitude de uma vida
Em que o que é valorizado é o calor exterior.

Verdes planaltos de vegetação,
Palavras doces de comunhão.

Pois é,
O frio do sono
É recompensado pelo
Calor do acordado.
Ter asas é dificil.

Ter asas é um
Fardo pesado quando se está em baixo.

Ter asas é uma maldição.

Ou as és continuamente
Ou cais em opressão
Do mundo e morres
Vivo.

Ter asas é dificil.

Ter asas é algo que todos
Que não têm desejam
E quem tem por vezes
Desejava não ter.

Porque elas são sobrenaturais
Não estão destinadas ao homem.

O homem deveria ser simples
Como a natureza
E limitar-se a viver.

O homem não merece
A responsabilidade
De um Deus.

É preciso o ser humano estar
Imensamente perdido
Para ser necessario
Que um ou dois
Tenham tais asas cedidas
Pelos verdadeiros deuses
Cansados de insistirem
E continuamente falharem.

Não é justo,
Para um homem ou mulher,
Ter asas.
Isto é que é
Estar deprimido?

É preciso mais do que isto
Para matar minha magestosa ave.

Nunca nada ou ninguém me matará o desejo
De viver
Pode me bater e mandar abaixo
Mas as asas sempre
Baterão fortes espalhando
Uma nuvem de pó
Que deixará a minha
Retirada imperceptivel.

Sei que tenho um caminho
A percorrer.

Sei porque sinto.

E quem sente não
Precisa de certezas
Novo caminho,
Novas luzes.

Novos entenderes,
Novas precauções,
Novos prazeres.

Belissima é a vida.

Qual passagem
Nela não será
Uma maravilha?

Caminhar por entre
Tapetes voadores
Instáveis de insegurança
E gemer e avermelhar a
Face, calor humano
Gerindo instintos sociais.

Santos seremos todos santos
Os que pisam a terra do nunca de um caminho virgem
E unico.

Ser?

Curioso pensar
Agora que na maioria
Dos ultimos poemas
Acabo a dizer
“Quero ser”.

Curioso que a minha criança
Estava-me já a avisar
Há tempos que queria
Aparecer e existir
Comigo cá fora
Onde se sinta a brisa
Do vento.

Vejo agora que ela
Já sabia o meu
Destino antes de eu dar
Por ele.

Se queres ser meu amor,
Seremos.
Tento manter o elixir da vida
Vivo
Mas por vezes
Há forças a mais a me oprimirem
E a me desmotivar.

Sangue meu já não
Está vermelho.

Estou agora fraco
Mas hei de me
Solidificar em
Deus uma vez mais.

Ja sei o que é estar no poço
E portanto esse meu desejo e vontade já estão
Riscados da minha lista.

Como já o tenho
Dentro de mim
Jamais necessitarei
Novamente do poço.
Pensamento infinito
De uma eterna
Esperança
De criança
Que não exalta
Mas aquece
O leito maternal
De quem se aquece
A si mesmo
Por mais ninguém
Tê-lo a aquecer.

Eterna criança
Com infinita
Esperança
Floresce toda e qualquer
Desilusão dizendo
Que é mais
Uma precaução
Para uma vida
Que nada tem de em vão.

Sangue e alma
Juntas
Corroem o podre
Ressuscitando-o em
Santo calor
Que nada tem de amor
Pois esse precisa de dois.

Alma quente
De um horizonte
Florescente
Que exalta a vontade
De viver
E amaldiçou-a
A sua ausência.

Sou e sou-o para sempre.

Não vou desistir
E repito
Não vou desistir.
Quando de longe
Vi o coração dela brilhar
Meu desejo foi sucumbir á minha condição de animal
E fornicá-la logo ali onde nos encontrávamos.

Mas não,
Deixei isso para outra.

Outra altura, outra alma.

Onde estás?

Essa alma que está para vir,
Ja vi uma,
Mas essa parece ter dono.

Mulheres, almas de calor interior,
Que ao simplesmente
Existirem
Dissipam o amor que está sempre
A ser criado e renovado
No seu interior.

Sempre que sinto a
Ideia de estar a conseguir
O mundo tropeça e
Deixa-me cair.

Parece inevitável
Estar-se sempre a cair e a se levantar.

Nem o mundo nem a vida são planos
E graças á vida que sim,
Pois se não seria
Uma constante
Ataráxia emocional
Como viver para sempre.

Desejo ser e descobrir
Um calor intenso
Dentro de ti,
Dentro do mundo.

Quero ser e jamais desaparecer.
Conhecendo
O desconhecido
Do mundo
O florescimento
Intelectual
Começa
A ser sentido
E a inocência
Perde-se
Em
Simples
Pensamentos
Que fervilham números
E contas.

Destruindo a sabedoria moral
Da hipocrisia civilizacional
Sobe-se somente
Um degrau
Em direcção á sabedoria e vivência superiores.

A partir daí é tudo
Sozinho,
O caminho desenrola-se somente ao caminhar e não ao imaginar.

Sozinho caminha-se.
Pergunto-me todos os dias:
“-Onde leva o meu caminho?”

Nem eu sei, é incrivel.

Eu vou atrás duma monumental intuição racional
Que me indica os caminhos
Argumentando a favor deles.

Eu de facto concordo e aceito no fim de cada argumento,
Pensando que de facto é um tipo de vida melhor e mais
Abrangente em comparação ao que me parece destinado.

O que há em mim que decide estas coisas?
Ou quem tem estas visões?