quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Cortamos pétalas de flores não nossas
E de memorias fazemos filmes de Hollywood.

Maçada a vida burguesa
E maçada a solidão forçada
De quase todo o meu serão.

Haverá estrelas no meu caminho.
Por muito que poucas
Serão e sendo,
Eu as verei reflectir em mim
Futuro que creio já neste passado
Que de momento é presente.

Tenho os amigos todos no chão,
Confusos e em senão.

Eu que me há tanto habituei
A contradizer meu desejo
Para desfrutar da infinita arte,
Fico como que não sabendo
Ao certo o que dizer.
Porque dizendo conselho
É errado
Que conselho eu só o sei o meu.

Um está na rua em Paris,
O outro sem trabalho no funil do amor
Assim-assim,
Mais amado porque temido mas facilitado…

A outra mandou-me agora mensagem
A dizer que ainda cá
E não lá vai no futuro próximo.
Que está farta da família e está sozinha em casa
Com os pés na areia dessa praia Algarvia.

Os outros dois estão longe demais
Para saber estes detalhes,
No fundo, superficiais.

Tenho a arte
E a arte é casa primordial
Desde que a sejamos,
Sacrificando nossa interesseira vida
Pelo bem maior da criação.

Tenho a arte e por isso me não queixo.

Há que negar o que se possa
E há que se resignar, para compreender
E assim evoluir, ao que se é, sente.

Há amor em todo o meu pensamento.
E assim me cuido só,
Respirando o infinito em que me proponho mergulhar
Nesse não fim, de no fundo saber,
Que não se está bem aqui.

E o quanto eu adoro
Na solidão da rua ver verter de mim
Pensamento e sonhos…
Sentimentos?

Ou no oposto:
Ver-me aberto ao receber
De um livro seu íssimo projecto!

Não tenho nada a dizer.

Viver é a minha sina
Seja ela o que tiver…

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