Insaciáveis cobras do passado
Porque afirmam
Ser tão boas?
O futuro não me sorri tanto porque
Vocês não me largam.
Nem eu vos quero largar.
Parei e pensei.
Gostei de vê-la
Mas ela tem o
Seu mundo
E eu tenho o meu.
A noite trovejou-me
A carência
E irritou-me
A pele branca
E flácida.
O sangue sangrou
Mas só mais tarde
Vi isso.
Quando virei costas ao
Espelho
Vi tudo de vermelho
E o medo
Assombrou-me o tédio.
Corri com
Todas as minhas
Forças
Para baixo dum carro
Que estava longe.
Julguei ver passar
A sombra de um deus,
Escondi então o meu
Para não haver confonto.
Metamorfoses
Queimaram-me
As costas e a cabeça.
Acordei num amanhecer laranja
De passaros a chilrrarem e eu
A os compreender.
Quando saí debaixo do carro
Estavam pessoas com asas
Com ar de espanto
A olhar para mim.
A grande esperança destes seres estava em mim.
Senti um peso anormal
Nas costas
Então olhei para trás.
Tinha asas enormes brancas
De divino!
Uma estava partida...
A grande esperança era deficiente.
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