Luz vaga de um lúgubre sórdido,
Alcance mão vã de imaginação supérflua
Ao acto da vida.
Esquecida numa das demais cadeiras pousadas
Pelo chão da sala
Olha fora a rua esquecida
Na sua própria lua.
Descrentes passarinhos
Se figuram dormindo,
Auscultando o sonho
De se não estarem.
Um bule de chá e um livro de leitura aberto
Pousado na coberta da janela
Não fomentam no agora
Grande ideal de vida…
Tempo passa, sono tarda,
Que de sono nada se tem
Quando ele é vivido consciente.
Amarga a cor do passado,
Queimada pelo caído
Sol do presente.
Proliferam desdéns pelo
Que ainda à pouco
Proclamava esperança.
É um, não sei quê,
De negro que entra na mente
E desespera o corpo subitamente.
A morte está certa
A vida com ela é que é desperdício.
Desce as escadas,
Cobre o bolo
Que só de uma fatia se perdeu.
Não dele gostaram os figurante do serão.
Fecha a janela e a cortina,
O frio corta a imagem
De que “isto” continua.
A fome é tanta
Mas como dela se sacia
Não há conhecimento.
Sobe as escadas,
Pensa sono
E logo ele se esvai
Em maior porção de consciência.
Não é que seja um turbilhão
Mas não há qualquer
Complacência pela paz da noite.
Que a noite fosse viva
Que eu assim pudesse ser morto.
Santos lençóis de me entardecer,
A noite é sempre uma promessa
De um sonho espaçoso e como que eterno.
Não que disso desejoso,
Só o racional se brinca com o sentimento.
A morte antecedesse.
Melhor assim,
Tomar conhecimento de seu paradeiro na vida
Antes do derradeiro conhecimento dela
No começo da não-vida.
Como é a não-vida,
Se vida em si não faz nada?
Ocidente, minha educação,
Vive morta por meu conhecimento
De quem vive vivo…
Além que de vida é um conceito humano
Para “isto” que se “experiencia”,
A morte também de conceito humano se trata
E a volúpia dos conceitos humanos
É sempre infantil e mesquinha.
Que a noite me venha
E traga consigo sono meu,
Que venha como que silenciosa abraçar-me
No (meu) leito como amante
De tempos passados,
Amoroso, nada apaixonado.
Sangra-me a vida em sonho
E deixa-me pelo menos em ti voar.
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