No evangelho da tristeza
Há uma passagem que diz
“deixa-te estar que conhecerás o fim.”
Os vários cultos
Tanto interpretaram a mensagem
No bom e no mau sentido.
Dividiam-se então
Os positivos dos negativos.
Num dos cantos comuns
Há missa de domingo,
Uns cantavam à morte, outros à vida.
Depois havia entre esses domingos
Um grupo que não cantava nada
Antes se falava.
Este último grupo que não tinha religião
Que se pudesse identificar, como tal,
Era o menos extenso mas, ao que parece,
O mais feliz.
Houve então um terramoto imenso
No sábado passado…
Todos se entreajudaram
E assim comunicaram
Quebrando os preconceitos
Que nasciam pela voz do silêncio.
Com isto, compreenderam todos
Que o desejo em todos era o mesmo
E o canto ou a fala só uma forma
De os distinguir dos outros.
Depois de restabelecidos do terramoto
Celebravam não ao domingo mas
Todos os dias: a morte, a vida,
O canto e a fala.
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