E no entanto escureço.
Não porque o queira
Mas assim me quer o anoitecer.
Quem fica sem mim
Numa noite destas?
A lua é que não!
Concordo com a vida
E o espírito santo
Do silêncio onde
Tudo desaparece,
Tudo acontece.
Além de mim
O propósito por fim.
Vão-se as chamas
Ficam as cinzas.
Enaltecem-se as sombras.
Geram elas nuvens
Que chovem-me em cima
Diamantes, sonhos, curiosidades…
Não sei, sabes?
Gosto de ser um fantasma
Que observa e sente tudo isto.
E, no entanto,
Actua meu corpo e mente
Nesta ânsia desvairada
De tentar fazer da vida actual
Uma coisa digna de ser vivida.
À parte fica algo.
Sonhos, pensamentos
E obras… Poucas
Mas essas, nestes tempos,
São as que resistem ao tempo.
Esquecemo-nos dele
Pois ele só é presente.
Amanhã virá?
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