quarta-feira, 22 de julho de 2009

É a tristeza que solidifica
A alegria da vida.
Vai-se afastando de mim
Este pequeno
Deus que me possuiu
Em tempos.

Já nos somos distantes os dois.

Qual a questão entre seres
Tu ou eu?

É igual meu querido,
vai-te embora se queres.

Eu reinventirei outro
Ou finalmente serei
Somente humano sem
As pesadas asas que
Mais me mantêm em terra
Que no céu.

Ah sim prefiro ser
Somente humano.

Ser simples é deveras
Mais complicado que ser complicado
E eu quero ser simples.
Servir um bem maior
Ai esse descanso
Quem me dera.

A acácia dá frutos
Ainda que não se vejam
Estão lá.

Eu também dou frutos
Mas pertenço a uma
Raça que está feita
Para viver
Não para dar frutos.

É decadente para mim
Só dar frutos
Por mais deliciosos
Que estes sejam
É outro que os
Vai saborear e sentir.

Eu só os crio
E só quem tem dificuldade
Em saborear
Tem necessidade de criar.
Segregando oliveiras postiças
Ao ouvido do seu colega
Sorri, de fascínio por o ouvirem.

Ele que á noite
Chora sua ausência
Não vê como parar
A sua essência social
Que esmaga o seu
Eu individual
Ao fim de cada dia
Ele ignora os avisos
Que se apresentam
Naturalmente á vista
Da mente.

Mas o álcool ajuda-o
Nesta sua inércia
Ilusória satisfazendo
A aura social em
Detrimento da individual.
Presas á cama
As aves de outrora estão presas
Á cama.

O quarto está todo desarrumado
Pelo incessante bater
De asas
Das aves presas á cama.

Não se cansam de se esforçar
Por se soltar
As aves presas á cama.

Aqui mais que em algum outro lugar
O vento gerado
Será o fruto criador
De uma nova era intelectual.
Não há nada de grande
Em mim,
É tudo uma
Consequência da minha
Incapacidade
De viver a vida.
Não acredito em ti,
Não acredito em ti
Porque sei que és
Fruto da minha carência.

Sei que não existes
Sei que és um fantasma
Que me assombra
Mas não me consegue bater.

Sei que és uma ilusão
Sei porque não te vejo.

Sei que tudo o que penso
É algo e
Que esse algo é importante.

Sei que tu só me
Tens inveja, sei porque
Não te sinto meu.
Folhas secas
Caem ao meu
Redor,
Parecem cair
De mim mas como
Em mim nada
Vejo (de folhas)
Continuo o
Caminho sem pensar
Nas folhas secas
Que ficam para trás.

Se parar elas amontoam-se
Ao meu redor até
Ao ponto de eu
Não poder olhar
Além de mim.

Então parece que tenho
De estar sempre a caminhar,
A largar folhas secas e deixá-las
Ficar para trás
Na minha ausência e eu na ausência delas.
Finges que não sentes
Mas eu sei que sentes.

Sentir é inacto e se
Pensas que não me fazes
Sentir isso estás enganado.

Estás longe do teu ser
Eu sei
Vejo-o nos teus olhos.

Onde sabes estar tu?
Sabes que não há
Nunca certezas num
Assunto tão complexo
Como o eu.

Agora o que se foi
Caminhou para fora do bosque
Precioso onde só a
Luz verdadeira penétra.

O fogo fugiu dos homens
E deixou-os sozinhos.

Fugiu deles deixando-os
Destinados a seu próprio
Destino.

Sentiram-se sozinhos
E longe do calor
Se isolaram na
Sua condição
De animais frios.

Numa gruta gritavam
E giravam como loucos
Para que os deuses
Acreditassem na
Sua miséria.

Mas ninguém acreditava!

Ninguém acreditava!
Eu estou e sou
Noutro local.

Tudo o que vês
Em mim aqui são
Cinzas de um deus
Passado.

Aqui já só jaz
(o meu nome).

Estou num periodo
De transição
Um periodo em
Que não devo ser
Nada para escolher
No todo o que me
Vem, o que quero ser
Em seguida.

Deixa-me estar.

Não me faças reconhecer
Que te reconheço e
Não me faças ser as cinzas
Pois elas para mim não são nada.
Está tudo calmo
Pelo menos parece
Estar tudo calmo,
Estás em harmonia
Ai entao não estás em harmonia.

Aparece alguém derrepente
Da realidade e tens de tar presente
Como pessoa social
E logo em ti
Uma mísera força de fuga
Que te alienia deste mundo.

Estavas calmo
Pois estavas,
Estavas
Tão calmo...
Esqueci-me do teu presente
Noutro dia
E nunca mais o encontrei.

Parecia perdido á procura dele
Me sujei nas águas
Sujas do passado.

Sujas de morte
Porque não presente
E vida
E deixei-me ficar a apodrecer
A não comer frutos fescos
Da realidade do presente.

Fiquei todo sujo
E já não me consigo ver
Limpo,
É demasiado intenso e parece
Mentira.