Que do longe de tu estares
Te sinto como que aqui.
Daí não de ti
Ter saudades
Como se estás em mim?
Só quando vejo teu físico,
Meu corpo se lembra
Com saudades, que
Na verdade existes
Ser mortal como eu.
O oceano a nos guardar
Segredos,
Nosso intelecto mantendo-se irmão.
Quem somos nós juntos?
Profetas da nova era?
Olha que eu creio que sim,
E meu crer
É deveras capaz
De realizar irrealidades!
Serei eu capaz de exacerbar as almas,
Me queridas,
Á forma de Deus como eu me sinto?
Serei eu fantasticamente dotado,
De um tal egoísmo nato,
Que com concentração
Realizo mundos sonhados?
Afinal, o que é o sonho senão uma certeza do que se sente?
E assim:
“A morte é uma certeza.”
Então, realizo o sonho
Com esta conclusão.
Larguei tudo o que me deram,
E fui com o que tinha,
Assim formei todo
O meu ser que sinto
Meu indubitavelmente.
Ninguém o pode tocar,
Ninguém o pode questionar,
Já que se trata
De uma certeza minha.
Que me digam que vou no mau caminho,
Que me estou a destruir,
Lhes direi tranquilo
Que é deveras o meu caminho.
Ter essa certeza, é uma libertação das incertezas
Tão pegajosas ao ser humano.
A mágoa já não a vejo
Como minha, antes do meu corpo.
A minha tristeza é seda
Que acariciará a próxima vítima
De meu monstruoso afecto!
quarta-feira, 13 de outubro de 2010
A única razão
Com que eu descubro
Com facilidade aparente a verdade,
Que não existe,
Da existência
É porque o que eu
Desejaria efectivamente
Era estar a viver.
Desprezo isto de pensar
E saber escrever.
Antes me seria mais difícil pedir um café
Que explicar a razão do homem
Ter de crer numa qualquer religião.
Difícil para mim é resignar-me
Ao espaço envolvente,
Á vida e ás pessoas
Que me rodeiam,
Isso sim para mim é difícil.
A incomunhão com que
Nos socializamos
É-me inverosímil!
Não compreendo
Esta conversa prática
E metódica sobre o nada que não somos
Que estamos a ser.
Desprezo qualquer inteligência,
Queria antes ser cão ou tartaruga,
Melhor cão, sim, só teria de agradar o meu dono para ser feliz.
Com que eu descubro
Com facilidade aparente a verdade,
Que não existe,
Da existência
É porque o que eu
Desejaria efectivamente
Era estar a viver.
Desprezo isto de pensar
E saber escrever.
Antes me seria mais difícil pedir um café
Que explicar a razão do homem
Ter de crer numa qualquer religião.
Difícil para mim é resignar-me
Ao espaço envolvente,
Á vida e ás pessoas
Que me rodeiam,
Isso sim para mim é difícil.
A incomunhão com que
Nos socializamos
É-me inverosímil!
Não compreendo
Esta conversa prática
E metódica sobre o nada que não somos
Que estamos a ser.
Desprezo qualquer inteligência,
Queria antes ser cão ou tartaruga,
Melhor cão, sim, só teria de agradar o meu dono para ser feliz.
Na tirada de me querer persuadir a escrever,
Escrevo um belo dia que o mar acompanha
Em som e visão.
Leio meu irmão Pessoa
E me rejubilo de amor por ele,
Por seu intelecto amoroso e sábio.
Que a vida devia ser infinita como a deveras sinto.
Como é possível um dia
Ser sem eu o estar a ver?
Pessoas na praia.
No mesmo meu dia
Sentem um outro,
Uns com licores de esperança
Outros, azeda especiaria que, quem sabe, apreciam.
Logo, o dia em si existirá?
Como o vejo,
Dia independente de mim,
Ele não tem qualquer significado nem conclusão,
É só um conjunto infinito de coisas que juntas formam um dia
Que por resquícios da minha vida passada
Interpreto como lindo.
Mas na verdade,
Hoje sendo eu a ausência que sou
E propondo-me a interpretar o que “é” sem mim,
Este dia até é triste, feio
Pois me invoca a esperança primitiva
Em que já não creio.
Aliás, hoje o dia
Ou a noite para mim, pouco existem
Já que não me interpreto vivo.
Sou só aquilo
Que penso no momento.
Entertainer do meu corpo
Só para que ele não me morra.
É uma experiência,
Não um suicídio.
É uma resignação,
Não uma desistência.
É só aquilo que sou de momento.
Escrevo um belo dia que o mar acompanha
Em som e visão.
Leio meu irmão Pessoa
E me rejubilo de amor por ele,
Por seu intelecto amoroso e sábio.
Que a vida devia ser infinita como a deveras sinto.
Como é possível um dia
Ser sem eu o estar a ver?
Pessoas na praia.
No mesmo meu dia
Sentem um outro,
Uns com licores de esperança
Outros, azeda especiaria que, quem sabe, apreciam.
Logo, o dia em si existirá?
Como o vejo,
Dia independente de mim,
Ele não tem qualquer significado nem conclusão,
É só um conjunto infinito de coisas que juntas formam um dia
Que por resquícios da minha vida passada
Interpreto como lindo.
Mas na verdade,
Hoje sendo eu a ausência que sou
E propondo-me a interpretar o que “é” sem mim,
Este dia até é triste, feio
Pois me invoca a esperança primitiva
Em que já não creio.
Aliás, hoje o dia
Ou a noite para mim, pouco existem
Já que não me interpreto vivo.
Sou só aquilo
Que penso no momento.
Entertainer do meu corpo
Só para que ele não me morra.
É uma experiência,
Não um suicídio.
É uma resignação,
Não uma desistência.
É só aquilo que sou de momento.
Elaborada singela produção,
Inaugura espectáculo noite dentro,
Queria uma tão tamanha,
Que logo tropeçou na gente que não veio para ser espectador…
Engana-se o destino com o acto de cobardia
De se pensar em si para fazer para os outros.
Banca-rota, não mais espectáculo
E as incessantes ideias engolem-no a mente
Enquanto os empréstimos se encarregam do corpo.
Vazio de vagabundo.
Grande promissor industrial da cultura e arte,
Pede cigarros e esmola
No cruzamento da rua doutor João Pires com a rua Adelaide Reis.
Coitado, quem o vê não sabe
Mas ali jaz um homem
Que de futuro morreu presente
E a sua aura,
Antes abrangente,
Hoje se queda como que inexistente.
A lei dos homens como toda a lei
É cruel a quem não a ela se submete.
O artista morre prematuro
Se verga as linhas do destino.
Inaugura espectáculo noite dentro,
Queria uma tão tamanha,
Que logo tropeçou na gente que não veio para ser espectador…
Engana-se o destino com o acto de cobardia
De se pensar em si para fazer para os outros.
Banca-rota, não mais espectáculo
E as incessantes ideias engolem-no a mente
Enquanto os empréstimos se encarregam do corpo.
Vazio de vagabundo.
Grande promissor industrial da cultura e arte,
Pede cigarros e esmola
No cruzamento da rua doutor João Pires com a rua Adelaide Reis.
Coitado, quem o vê não sabe
Mas ali jaz um homem
Que de futuro morreu presente
E a sua aura,
Antes abrangente,
Hoje se queda como que inexistente.
A lei dos homens como toda a lei
É cruel a quem não a ela se submete.
O artista morre prematuro
Se verga as linhas do destino.
Deixar os doentes com a doença.
Ser são, se o se for de origem,
Com honra de guerreiro antigo.
Ser são é saber o que se tem,
E o que não nos é próprio, não nos pertence.
E pouco é o que se pertence
Quando se é são,
Resume-se à vontade,
Atrás dela vai o corpo e toda a mente.
Que o ser são é o mais precioso dos seres,
Porque não se defende mas se esconde,
Não ataca mas sabe,
Não olha mas vê.
O ser mais precioso,
Pois sabe que tudo do mundo
Se resume a si mesmo
E se sua beleza brota do fundo de si
O mundo sempre o reflecte.
O ser são é aquele que não pede mas consegue,
Não por fruto da fala mas do olhar.
O ser são é aquele que está consigo
Em silêncio
E de o tão bem estar,
Desaparece e só vê e sente o mundo que lhe aparece, nu.
O ser são é aquele
Que se junta à natureza
(Sua suprema-mãe).
Junta-se a esta ode de existência
Que não tem razão
Mas por isso mesmo é tão mais bela e inocente.
Há vida,
O resto pouco ou nada interessa.
Ser são, se o se for de origem,
Com honra de guerreiro antigo.
Ser são é saber o que se tem,
E o que não nos é próprio, não nos pertence.
E pouco é o que se pertence
Quando se é são,
Resume-se à vontade,
Atrás dela vai o corpo e toda a mente.
Que o ser são é o mais precioso dos seres,
Porque não se defende mas se esconde,
Não ataca mas sabe,
Não olha mas vê.
O ser mais precioso,
Pois sabe que tudo do mundo
Se resume a si mesmo
E se sua beleza brota do fundo de si
O mundo sempre o reflecte.
O ser são é aquele que não pede mas consegue,
Não por fruto da fala mas do olhar.
O ser são é aquele que está consigo
Em silêncio
E de o tão bem estar,
Desaparece e só vê e sente o mundo que lhe aparece, nu.
O ser são é aquele
Que se junta à natureza
(Sua suprema-mãe).
Junta-se a esta ode de existência
Que não tem razão
Mas por isso mesmo é tão mais bela e inocente.
Há vida,
O resto pouco ou nada interessa.
Na rua do nunca amanhecer
Olho em frente,
Escondido à janela da casa
Que não tenho.
Vivo aqui,
Ela é de alguém
E eu sou assim.
No silencio constante
De poder ser a qualquer minuto
Vou não sendo,
Adiando o próximo minuto
Como se de hora se tratasse.
Vivo calmo e tenho tempo para oferecer,
Coisa valiosa é o tempo…
Enquanto que no café,
Ali à frente,
Se grita o não-Futuro,
Eu falo presente como se de deus se tratasse.
Vêem pouco à minha beira
Os fregueses meus vizinhos,
Não sei se por timidez,
Se por me estranharem.
Lembro-me de um presente antigo
Que vivi intensamente com todas as células de meu ser…
Lembro-o com saudade
E o trago para meu agora presente
Enternecidamente.
Que meu futuro não conheço
E passado um outro presente,
Sou aquilo que não se define
Por nunca estar parado,
Isto é, sou presente.
Olho em frente,
Escondido à janela da casa
Que não tenho.
Vivo aqui,
Ela é de alguém
E eu sou assim.
No silencio constante
De poder ser a qualquer minuto
Vou não sendo,
Adiando o próximo minuto
Como se de hora se tratasse.
Vivo calmo e tenho tempo para oferecer,
Coisa valiosa é o tempo…
Enquanto que no café,
Ali à frente,
Se grita o não-Futuro,
Eu falo presente como se de deus se tratasse.
Vêem pouco à minha beira
Os fregueses meus vizinhos,
Não sei se por timidez,
Se por me estranharem.
Lembro-me de um presente antigo
Que vivi intensamente com todas as células de meu ser…
Lembro-o com saudade
E o trago para meu agora presente
Enternecidamente.
Que meu futuro não conheço
E passado um outro presente,
Sou aquilo que não se define
Por nunca estar parado,
Isto é, sou presente.
Encalço enorme
Do som de meu reino.
Quem me viu desaparecer…
Árvores sagradas derrubadas
Em amargura de ter de sobreviver
Queimando-as em calor no frio gélido da noite.
Porque me decidi a ir embora?
Quem me deixou fazer tal idiotice?
Sonho alto e vivo no inferno
Não me tenho meio
Pois ninguém me ouve ou compreende.
Sou assim, só, infelizmente.
Do som de meu reino.
Quem me viu desaparecer…
Árvores sagradas derrubadas
Em amargura de ter de sobreviver
Queimando-as em calor no frio gélido da noite.
Porque me decidi a ir embora?
Quem me deixou fazer tal idiotice?
Sonho alto e vivo no inferno
Não me tenho meio
Pois ninguém me ouve ou compreende.
Sou assim, só, infelizmente.
Quem demais precisa
Que uma bela rapariga
E o espaço e tempo
Para a apreciar?
Não me findo nela,
Nesta minha escrita, não.
Ela é só a base de toda e qualquer criação.
Já que a criação é feminina,
Existe deveras um acto de fecundação
Invés de físico, mental
E invés de duas pessoas
Apenas uma usa, invocando a outra
No acto de inspiração.
É deusa estou certo
E não Deus quem me faz criar
E fingindo-me eu
De Deus por trémulos instantes
Formamos um belo casal silencioso
Que ao namorar inventa arte.
Não nos possuímos,
Encontramo-nos,
Somos, enfim, espaçosos amantes.
Que uma bela rapariga
E o espaço e tempo
Para a apreciar?
Não me findo nela,
Nesta minha escrita, não.
Ela é só a base de toda e qualquer criação.
Já que a criação é feminina,
Existe deveras um acto de fecundação
Invés de físico, mental
E invés de duas pessoas
Apenas uma usa, invocando a outra
No acto de inspiração.
É deusa estou certo
E não Deus quem me faz criar
E fingindo-me eu
De Deus por trémulos instantes
Formamos um belo casal silencioso
Que ao namorar inventa arte.
Não nos possuímos,
Encontramo-nos,
Somos, enfim, espaçosos amantes.
Niilismo a busca da verdade.
Anarquia a busca do presente.
Filosofia a busca do sempre.
Ciência a busca do nunca.
Poesia a busca de união.
Eu busco a possibilidade
Da ausência de necessidade
De todas estas doutrinas.
Busco-me,
E assim,
Busco o universo.
Nisto, não há
Arte, ciência nem filosofia,
Só entrega, prática e inteligência.
Busco o fim do que sou,
Para a partir daí me iniciar.
Anarquia a busca do presente.
Filosofia a busca do sempre.
Ciência a busca do nunca.
Poesia a busca de união.
Eu busco a possibilidade
Da ausência de necessidade
De todas estas doutrinas.
Busco-me,
E assim,
Busco o universo.
Nisto, não há
Arte, ciência nem filosofia,
Só entrega, prática e inteligência.
Busco o fim do que sou,
Para a partir daí me iniciar.
O que admiro em Fernando Pessoa,
E superiores semelhantes,
É a entrega desprovida de armas ou conclusões
Com que se lançam ao escuro do inconsciente,
Para o real da irrealidade além corpo ou espaço...
Sem armas, sem protagonismo,
Se lançam ao universo seguros de irem, de bem,
Por não carregarem “pesos”,
Que de outra forma ameaçariam o “incógnito”.
Vão sós, vão vazios,
Entregues ao desconhecido,
Com o seguro amor à curiosidade.
E superiores semelhantes,
É a entrega desprovida de armas ou conclusões
Com que se lançam ao escuro do inconsciente,
Para o real da irrealidade além corpo ou espaço...
Sem armas, sem protagonismo,
Se lançam ao universo seguros de irem, de bem,
Por não carregarem “pesos”,
Que de outra forma ameaçariam o “incógnito”.
Vão sós, vão vazios,
Entregues ao desconhecido,
Com o seguro amor à curiosidade.
Proíbam-me de viver!
Não sei como mas proíbam-me de viver!
(Mantendo-me obviamente vivo.)
Fechem-me num quarto,
Ponham-me doente, de cama,
Digam que sou louco
E me atestem uma cela.
Proíbam-me de viver!
Quero sentir e viver parado,
Estético, estático,
Parado!
Quero que não haja
Possibilidade alguma
De viver ou ser livre.
Preciso saber o que é isso!
Não sei como mas proíbam-me de viver!
(Mantendo-me obviamente vivo.)
Fechem-me num quarto,
Ponham-me doente, de cama,
Digam que sou louco
E me atestem uma cela.
Proíbam-me de viver!
Quero sentir e viver parado,
Estético, estático,
Parado!
Quero que não haja
Possibilidade alguma
De viver ou ser livre.
Preciso saber o que é isso!
E existo criado,
Não por mim mas por algo,
Que me faz momentâneos
Golpes de estado.
Existo esquecido do que fui e era
E lembrado sempre
De que me sirvo
Acima de tudo.
(mas) não a mim,
Sim, a um algo.
Ao ler o que escrevi,
Quando ainda vivia,
Aprecio a inocência
De se exprimir
O que se vai vivendo…
Hoje não vivo
Mas penso,
Analiso, e quem sabe
Invento vida.
Pois de ler o que escrevi,
Comparando com o que escrevo,
Antes escrevia vida
Hoje pensamento.
Sou, enfim,
Criador de mim,
Não de arte mas de, sim, existência.
Não por mim mas por algo,
Que me faz momentâneos
Golpes de estado.
Existo esquecido do que fui e era
E lembrado sempre
De que me sirvo
Acima de tudo.
(mas) não a mim,
Sim, a um algo.
Ao ler o que escrevi,
Quando ainda vivia,
Aprecio a inocência
De se exprimir
O que se vai vivendo…
Hoje não vivo
Mas penso,
Analiso, e quem sabe
Invento vida.
Pois de ler o que escrevi,
Comparando com o que escrevo,
Antes escrevia vida
Hoje pensamento.
Sou, enfim,
Criador de mim,
Não de arte mas de, sim, existência.
A sentir-me um zero de repente.
Tudo me é bruto e agressivo,
A cara triste do trabalhador,
Os carros a passar impunes ao barulho
Que atinge os ouvidos do pensador
Que se sente um zero.
Há tanto a dizer, fica sempre tanto por dizer,
Que só o amor pode parar o ímpeto sexual
Do meu intelecto.
Por favor, deixem-me ser como vós
Inútil e trabalhador.
“Palrador” do que lhe chateia no dia-a-dia,
Não sonhador,
Anulador de toda e qualquer fantasia.
Ai deixem-me ser como vós,
Porque me não dão um trabalho?
Querem-me pensador é isso?
Ai por favor deixem-me ser só corpo,
Dêem-me trabalho que estou louco!
Se se visse o tamanho das catedrais que criei cá dentro…
Se soubessem o quanto flui este meu mundo…
Me deixariam em paz e sossego.
Onde está a premissa de amanhã
E a falácia de ontem?
Parece que morro se me falarem,
Parece que me fico líquido se me reconhecerem.
Porquê?
O acto voluntário da loucura
Para em si surgir
Toda e qualquer salvação
Que é simples e fala bebé.
Porque me fico entre estes seres
Se mais sou semelhante a não sei quê?
Sou louco, louco
E ninguém me cura
Ou me tira daqui!
Todos me deixam onde estou
Sorrindo na minha cara.
“Que engraçado”
Dizem todos,
Como se fosse menino.
Só vêem corpo
E aí, embora que já homem,
Sou, sim, ainda menino.
Mas, porra,
Na mente sou um monstro
Que confunde
Deus e Diabo
Como vozes da mesma cela!
Porque me deixam aqui, só e sozinho?
Porque não me mandam para longe
Ou me obrigam a ficar perto?
É que no meio
É que não dá,
Sou extremo a todo o custo
O equilíbrio é o dom dos viventes,
Eu vivo morto
Para salvar minha criança
Que vai fugindo
Pelas ruas estreitas
E escuras do passado.
Então, mas é assim,
Eu escrevo e tu me safas de dinheiro,
Pode ser?
Eu enlouqueço mais e mais
E tu vais,
Enriquecendo e dando-me os trocos sim?
Ai, arranjem-me um agente!
Um produtor,
Um actor os tem,
Um cineasta também,
E eu o não devo ter?
Sou mais precioso!
A minha arte é que tem minha vida.
Eu de corpo mantenho só as esmolas
Que vou colhendo, por aí, submisso.
Transfiro a vida
Que deus me dá ao corpo,
Directamente,
Para minha criação
E é ela que vive,
Não eu.
Queria ser pequeno e entretido.
Não me deixaram,
Fiquei louco.
Pois com certeza,
Indignado com o meterem-se na minha vida
Sem serem chamados!
Ai, o que é a vida?
Em pequeno me questionava
Como pode o ser humano
Se sentir efectivamente perdido…
Hoje o estou e,
Por ridículo que pareça,
Não estou surpreendido,
Antes, curioso.
Ridículo, ridículo.
Louco,
Sou louco!
Tinha o meu quartinho sossegado,
Tudo era certo e rotina.
Agora, tenho uma puta de mundo inteiro ás costas,
A me pedir direcções!
Mas eu só sei onde é meu quarto! – Grito eu, mentindo.
Mantenho-me assim,
Quando eles se foram,
A escrever o que eles queriam ouvir
Mas eu não queria dizer.
Ai, o relance ao mudar da página:
Que estou vivo e sou “aquele”.
Saí da arte por momentos.
Que perigo
Sair deste estado de loucura abrangente
Que me espalha por todo o lado
Porque de momento nada sou.
Não ouviria se me falassem,
Não admitiria ousadias exteriores a mim.
Se tivesse uma arma
Mataria,
Se tivesse um cavalo fugiria.
É tudo assim, disposto á minha loucura.
Ela me serve,
Eu a sirvo,
E vou vivendo assim.
Não sei bem como,
É sincero,
Mas meu corpo
Lá me vai tolerando
Mantendo-se-me vivo.
Hoje também lhe presto mais culto
Através do desporto.
Mas isto, só assim foi,
Porque ele me andava deveras a matar
E efectivamente haveria de o conseguir,
Com minha vontade
De só viver mente.
E agora, á sequencia
De que fui pedir e buscar outra Sagres,
Me proponho a dizer que sem álcool
Não haveria jamais Ocidente!
Então álcool,
Aliado ao que se fez de Cristo,
Temos produto mais inflamável e explosivo
Que a gasolina
Para incinerar toda a humanidade.
É que “o feitiço vira-se contra o feiticeiro”
E esta, Jesus ainda a não conhecia
Quando ousadamente falou
Sua bela sabedoria.
Sabendo ele o que tinha feito ao falar,
Olhando ele,
O que lhe fizemos ás palavras,
Seria mudo até morrer,
Casado com uma das demais
Prostitutas
Com as quais convivia.
Vive-se o sonho,
E eu de tanto sonhar
Quando me mexo na realidade
Gostaria de efectivamente vivê-la,
Mas não, não consigo.
Logo me metem símbolos á frente
Coisas a passar rápido e a
Fazer imenso barulho,
Caras de humanos
Que já o não são.
Loucura!
Ah sim!
Afinal não sou eu que estou louco não!
É o mundo!
Ah sim, agora vejo,
Perdido de louco
É o mundo!
Ah sim!
Eu estou apenas a ser
A sua momentânea
Expressão em escrita.
Porque eu, eu não sou nada,
Minha criação é tudo,
E ando no meio
Disto atordoado
E isto só dentro de mim!
Isto só dentro de mim!
Ah sim,
Ah sim,
Também estou louco e sou louco!
Estou ou sou?
Estar neste momento,
Ou ser de base louco?
Não,
De facto,
De base sou não-louco,
Portanto estou louco.
Sim é isso,
Estou louco,
Não o sou.
Estou,
Estou louco
Mas só neste momento,
Momentaneamente falando,
Estou sendo louco,
Não estou, sou.
Tudo me é bruto e agressivo,
A cara triste do trabalhador,
Os carros a passar impunes ao barulho
Que atinge os ouvidos do pensador
Que se sente um zero.
Há tanto a dizer, fica sempre tanto por dizer,
Que só o amor pode parar o ímpeto sexual
Do meu intelecto.
Por favor, deixem-me ser como vós
Inútil e trabalhador.
“Palrador” do que lhe chateia no dia-a-dia,
Não sonhador,
Anulador de toda e qualquer fantasia.
Ai deixem-me ser como vós,
Porque me não dão um trabalho?
Querem-me pensador é isso?
Ai por favor deixem-me ser só corpo,
Dêem-me trabalho que estou louco!
Se se visse o tamanho das catedrais que criei cá dentro…
Se soubessem o quanto flui este meu mundo…
Me deixariam em paz e sossego.
Onde está a premissa de amanhã
E a falácia de ontem?
Parece que morro se me falarem,
Parece que me fico líquido se me reconhecerem.
Porquê?
O acto voluntário da loucura
Para em si surgir
Toda e qualquer salvação
Que é simples e fala bebé.
Porque me fico entre estes seres
Se mais sou semelhante a não sei quê?
Sou louco, louco
E ninguém me cura
Ou me tira daqui!
Todos me deixam onde estou
Sorrindo na minha cara.
“Que engraçado”
Dizem todos,
Como se fosse menino.
Só vêem corpo
E aí, embora que já homem,
Sou, sim, ainda menino.
Mas, porra,
Na mente sou um monstro
Que confunde
Deus e Diabo
Como vozes da mesma cela!
Porque me deixam aqui, só e sozinho?
Porque não me mandam para longe
Ou me obrigam a ficar perto?
É que no meio
É que não dá,
Sou extremo a todo o custo
O equilíbrio é o dom dos viventes,
Eu vivo morto
Para salvar minha criança
Que vai fugindo
Pelas ruas estreitas
E escuras do passado.
Então, mas é assim,
Eu escrevo e tu me safas de dinheiro,
Pode ser?
Eu enlouqueço mais e mais
E tu vais,
Enriquecendo e dando-me os trocos sim?
Ai, arranjem-me um agente!
Um produtor,
Um actor os tem,
Um cineasta também,
E eu o não devo ter?
Sou mais precioso!
A minha arte é que tem minha vida.
Eu de corpo mantenho só as esmolas
Que vou colhendo, por aí, submisso.
Transfiro a vida
Que deus me dá ao corpo,
Directamente,
Para minha criação
E é ela que vive,
Não eu.
Queria ser pequeno e entretido.
Não me deixaram,
Fiquei louco.
Pois com certeza,
Indignado com o meterem-se na minha vida
Sem serem chamados!
Ai, o que é a vida?
Em pequeno me questionava
Como pode o ser humano
Se sentir efectivamente perdido…
Hoje o estou e,
Por ridículo que pareça,
Não estou surpreendido,
Antes, curioso.
Ridículo, ridículo.
Louco,
Sou louco!
Tinha o meu quartinho sossegado,
Tudo era certo e rotina.
Agora, tenho uma puta de mundo inteiro ás costas,
A me pedir direcções!
Mas eu só sei onde é meu quarto! – Grito eu, mentindo.
Mantenho-me assim,
Quando eles se foram,
A escrever o que eles queriam ouvir
Mas eu não queria dizer.
Ai, o relance ao mudar da página:
Que estou vivo e sou “aquele”.
Saí da arte por momentos.
Que perigo
Sair deste estado de loucura abrangente
Que me espalha por todo o lado
Porque de momento nada sou.
Não ouviria se me falassem,
Não admitiria ousadias exteriores a mim.
Se tivesse uma arma
Mataria,
Se tivesse um cavalo fugiria.
É tudo assim, disposto á minha loucura.
Ela me serve,
Eu a sirvo,
E vou vivendo assim.
Não sei bem como,
É sincero,
Mas meu corpo
Lá me vai tolerando
Mantendo-se-me vivo.
Hoje também lhe presto mais culto
Através do desporto.
Mas isto, só assim foi,
Porque ele me andava deveras a matar
E efectivamente haveria de o conseguir,
Com minha vontade
De só viver mente.
E agora, á sequencia
De que fui pedir e buscar outra Sagres,
Me proponho a dizer que sem álcool
Não haveria jamais Ocidente!
Então álcool,
Aliado ao que se fez de Cristo,
Temos produto mais inflamável e explosivo
Que a gasolina
Para incinerar toda a humanidade.
É que “o feitiço vira-se contra o feiticeiro”
E esta, Jesus ainda a não conhecia
Quando ousadamente falou
Sua bela sabedoria.
Sabendo ele o que tinha feito ao falar,
Olhando ele,
O que lhe fizemos ás palavras,
Seria mudo até morrer,
Casado com uma das demais
Prostitutas
Com as quais convivia.
Vive-se o sonho,
E eu de tanto sonhar
Quando me mexo na realidade
Gostaria de efectivamente vivê-la,
Mas não, não consigo.
Logo me metem símbolos á frente
Coisas a passar rápido e a
Fazer imenso barulho,
Caras de humanos
Que já o não são.
Loucura!
Ah sim!
Afinal não sou eu que estou louco não!
É o mundo!
Ah sim, agora vejo,
Perdido de louco
É o mundo!
Ah sim!
Eu estou apenas a ser
A sua momentânea
Expressão em escrita.
Porque eu, eu não sou nada,
Minha criação é tudo,
E ando no meio
Disto atordoado
E isto só dentro de mim!
Isto só dentro de mim!
Ah sim,
Ah sim,
Também estou louco e sou louco!
Estou ou sou?
Estar neste momento,
Ou ser de base louco?
Não,
De facto,
De base sou não-louco,
Portanto estou louco.
Sim é isso,
Estou louco,
Não o sou.
Estou,
Estou louco
Mas só neste momento,
Momentaneamente falando,
Estou sendo louco,
Não estou, sou.
Teu guerreiro,
Minha pétala amada.
Ser Julieta!
Abram chuveiros
E sarjetas,
Sonhos e corações,
A vida caminha sem mim,
É dela mesma, da vida!
Teu ídolo
Minha dor,
És minha e não sou teu!
O amor imenso de o poder não ter!
Certeza que te vejo amanhã,
Todo o meu passado redescoberto
Com flores em todo o canto,
Calçada incluída!
Abram alas que a febre que o amor provoca na vida solitária vai passar!
Santo Agostinho,
Cores berrantes,
Mar aceso em brilhantes de lua,
Eu, coração feito em silêncio de entrega!
Chega-te a mim, indo ali!
Vulcões e sanções,
Sucessivos e sobrepostas analizações vividas com o corpo,
Desespero físico da mente!
Lua a dentro, te durmo nos lençóis
E és minha e eu não sou teu!
Ter amor e não o ter,
Que liberdade hã?
Serei para ti como um herói partido em desafogo
Abandonado pela conquista!
Ruas acima,
Que me mandem “água vai”
Que dela farei vinho,
Como o jovem Jesus,
E seremos todos primos e irmãos noite dentro.
Lá fora o sono e o cansaço,
Dentro a musica de não os ter!
Cais em mim que nem elefante
E és pardal de estatura,
Com uma racha virginal,
Que me soletra cuidadosamente a existência!
Queimaram-me a coerência!
Mas que se dane!
À frente há novo a ser,
Que ainda não me tenho de não suceder.
Sou trono vazio da minha consciência,
Me dentro só inteligência,
O que eu sou está longe de mim
Em terras que ainda não conheci!
Ai, mas sim,
Tu fábula de tempos vermelhos
Dá-me a mão,
Afinal escrevia para ti
E te logo roubei protagonismo.
Me desculpe fêmea divinal,
É de ser criança ainda.
Joga-me ao ar como filho teu
E daí te nascerei Homem
Com pila como bengala!
Fala-me de ti…
Oh, já me esqueci,
És minha e não sou teu.
Trá-lá-lá-lá-lá
Abram portas e sarjetas,
Tendões e silhuetas,
Que estou vivo e assim me quero!
Arre!
Minha pétala amada.
Ser Julieta!
Abram chuveiros
E sarjetas,
Sonhos e corações,
A vida caminha sem mim,
É dela mesma, da vida!
Teu ídolo
Minha dor,
És minha e não sou teu!
O amor imenso de o poder não ter!
Certeza que te vejo amanhã,
Todo o meu passado redescoberto
Com flores em todo o canto,
Calçada incluída!
Abram alas que a febre que o amor provoca na vida solitária vai passar!
Santo Agostinho,
Cores berrantes,
Mar aceso em brilhantes de lua,
Eu, coração feito em silêncio de entrega!
Chega-te a mim, indo ali!
Vulcões e sanções,
Sucessivos e sobrepostas analizações vividas com o corpo,
Desespero físico da mente!
Lua a dentro, te durmo nos lençóis
E és minha e eu não sou teu!
Ter amor e não o ter,
Que liberdade hã?
Serei para ti como um herói partido em desafogo
Abandonado pela conquista!
Ruas acima,
Que me mandem “água vai”
Que dela farei vinho,
Como o jovem Jesus,
E seremos todos primos e irmãos noite dentro.
Lá fora o sono e o cansaço,
Dentro a musica de não os ter!
Cais em mim que nem elefante
E és pardal de estatura,
Com uma racha virginal,
Que me soletra cuidadosamente a existência!
Queimaram-me a coerência!
Mas que se dane!
À frente há novo a ser,
Que ainda não me tenho de não suceder.
Sou trono vazio da minha consciência,
Me dentro só inteligência,
O que eu sou está longe de mim
Em terras que ainda não conheci!
Ai, mas sim,
Tu fábula de tempos vermelhos
Dá-me a mão,
Afinal escrevia para ti
E te logo roubei protagonismo.
Me desculpe fêmea divinal,
É de ser criança ainda.
Joga-me ao ar como filho teu
E daí te nascerei Homem
Com pila como bengala!
Fala-me de ti…
Oh, já me esqueci,
És minha e não sou teu.
Trá-lá-lá-lá-lá
Abram portas e sarjetas,
Tendões e silhuetas,
Que estou vivo e assim me quero!
Arre!
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