quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Portas altas de silêncio
Resolvem-se a falar em monólogo
Enquanto eu vou ali e já venho.

Tarde,
Cheguei tarde,
Já as portas eram árvores
Que engoliam o céu em verde.

Caminho perdido.
Recomeço a falar com o vento
E com aquela pouca gente que passa.

Então de uma calçada imensa
Vejo sair de mim
Um cavalo medieval
Que me fala num perfeito português
Onde me quero eu digerir.

Tusso de espasmo, vergonha
Ou intelecto magoado e
Digo que pode ser ali já à frente
No café do Jeremias.

Ele,
O cavalo,
Diz “certo” e me leva
Ao colo enternecido
(eu, eu enternecido!).

(Calculo que o não vêem,
O cavalo…)

Lá chego ao Jeremias.
Ele cansado oferece-me,
Pagando eu, o almoço
E de fome ao alto
Ataco o prato
Que se desvia de minhas garfadas.

Hoje, já compreendi isso
Desde o cavalo,
Nada me surpreende
E assim o apetite
Mantém-se soberbamente voraz!

Peço a conta
E é negativa,
Ao que me pagam a mim
Uma quantia desconhecida…

Vou para a rua,
Talentoso da minha surpresa ser relativa
E corro ao rio,
Sim,
Apetece-me ver o rio!

Quase que me salto ás suas águas,
Agora quase limpas dizem os jornais,
Mas me gritam delas
Soberbas labregas sereias
Dizendo que não,
Não posso lá entrar!

Agora sim, um pouco confuso,
Retraiu-me e me reprimo ao ponto
De ter quase uma indigestão
Mas salta-me um macaco à vista
Com uma bandeja de prata na mão
Ostentando um tão me
Merecido “digestivozinho”,
Que o tomo
E me logo sinto bem.

Vejo o sol cair à água,
Angustiando-me de imaginar
Ele a se afogar
Mas depois me lembro
Que ele amanha renasce tão bem também.

Fantástico!
Palmas!
Grito urros ao vento enquanto essa,
Agora, tanta gente me crê louco!

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