sábado, 28 de julho de 2012

O amor à distância gera mitologia, arte, fantasia e por fim loucura, loucura criativa(positiva). Viver torna-se num trazer esse amor onírico para a terra agreste do presente, e da acasalação entre os meios se continua a mitologia - cada vez mais longe da verdade que foi, cada vez mais perto da verdade. A sede desta pessoa condenada é criar e compreender o seu demónio. (No fundo é um ser muito estúpido como um cão que quer morder a sua própria cauda.) Viver se torna uma missão não de lidar com o presente mas de o ligar ao passado para espaçar o futuro. A ironia disto tudo é que é o mesmo que se inflige ao primeiro passo, de resto o leva a arte. Concordando com a realidade, observa-a como fonte de vácuo que se conecta ao tempo. Aquele tempo que persiste e sempre existe no coração de quem cria. O único viver hoje possível e capaz de nobreza é o de artista que cria, recria e compreende o seu mundo - o único hoje que o liga ao mundo dos Deuses. Aquele que sempre foi, sempre será: a Natureza. Passando por aqui e por ali, seu pensamento sempre se pesa e poisa em si. Não há espaço real para quem cria pois ele se matou, vive morto, fruto da impossível tarefa a que se propôs - saber a verdade por detrás do que sente.

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