O meu desígnio
É ver a amplitude entre eu e ela.
Quase a toco.
Quase a vivo.
Quase.
Apenas a vejo,
Cheiro e imagino.
Mas, assim,
Vivê-la, só eu e ela…
Não consigo.
Tenho o meu próprio mundo
Que preservo e cuido.
Além dele
Há esse outro mundo.
Mas ele é ele
E eu sou eu.
Falemos de outras coisas sim?
Eu não vivo.
Estou demasiado determinado para viver.
Ela, a vida,
É qualquer coisa de especial.
Qualquer coisa que não merece
As minhas sangrentas manápulas
Densas de mentalidade,
Porca racionalidade.
Em breve um começo.
Por agora só a espera
Duma maravilha maior que a minha.
Fascino-me com pouco e toda a minha vida
É um segredo guardado
Num coração de criança abraçada.
De ter tido tudo,
Isto é, amor e glória,
Começo a saber apreciar o nada que
Se me agora destina.
O peso é muito,
A dor também,
Mas para quê sofrer por isso?
Deixo-lo ao corpo.
Ele que se cuide.
Eu descubro, exploro
E evidencio subtilezas.
Tu vives a vida, aguentas.
(atenção: falo para mim
quando digo tu.)
…essa esquizofrenia que tem de existir
Quando um gajo se ama mais que à vida.
Fosse a sorte para os animais.
Seja o azar para os homens.
Restam elas, as mulheres.
Seres felinos que amam a vida
Sabendo-a responsabilidade sua.
Elas salvam um gajo como eu
Que não se consegue desembaraçar
De seu sonho para apenas e concisamente viver.
Dêem-me espaço
E farei amar quem não se ama.
Por mais que actualmente
Seja eu um demónio
A minha missão sempre é
E será o Amor.
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