Encontrado por detrás da porta
Vigio a vida como um espantalho
Ilustre e soberano.
Vigio a vida como um espantalho
Ilustre e soberano.
Amante de tudo
Que seja transitório
Invejo as mil e uma
Projecções de vida
Que passam por mim.
São impossíveis,
São outras vidas
Mas o problema
É que as quase que Sei…
Corro ali a buscar um copo de água,
Da sede que me faz o tanto imaginar.
Poucos são os que entendem
Que tenho uma vida sim
Mas tão diferente a esta alheia.
Um certo gosto pelo dramático
Porque é o que mais me oferece
Enredo por onde descobrir saída
Auxiliar à vida: arte.
Gosto de tudo o que
Anda por aí
Pois já não guardo
Qualquer esperança em mim.
É um consolo
Poder em nada acreditar
E ver que continuo
Por aqui a tropeçar
Em novidades, surpresas,
Desilusões e alegrias.
Cada passo, uma impossibilidade
E, no entanto, caminho como
Se nada fosse.
É o gozo de levar
Uma vida que me nada
Tem a oferecer
E assim me exige
Que faça eu tudo para que
Vale a pena a viver.
Sozinho é a certeza
E se me a isso
Resigno finalmente
Depois poderei estar
Tranquilamente acompanhado.
O crucial é as exigências e degraus
Que tenho para comigo,
E a realidade apenas a plataforma
Desta minha evolução.
Assim, vazia e pobre,
Gosto mais dela.
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