Guincham
É quando elas são realmente velhas
E importantes.
Há que torcer a vida,
Esganiçá-la, se necessário,
Para fazer andar o meu sonho.
Rebelo-me dentro de mim
Enquanto assusto os outros
Com minha sobriedade de espírito.
Há que ser sozinho também,
Pois os outros levam-nos por caminhos
Que não sei.
E eu sei,
Sei muito!
(finge saber…)
Ó da casa
Não é que ela é tua
E eu, sendo eu, não a posso viver?
O desconforto que há
Nessas casas embrulhadas
Como presente
Sem nunca se abrir
Se morre lá dentro.
Ó alegria de partir!
Ser um outro
Sem o ter de ser.
Fantasmas se movem aqui e ali.
Fantasmas que consigo tocar, atenção.
Como já um outro eu,
Que fui,
disse:
“nowadays
dead people are more alive
Then alive
ones”.
Que prejuízo levo da vida?
Nenhum claramente.
Assim, é ser outro
Constantemente
Enquanto o são
Escreve porque se esquece
(e daí aparece).
Não há melhor amigo
Ou amiga
Que a minha escrita.
Sou um tolo
Que resolve o negativo
Em positivo
Sem saber somar.
Como?
Não me defendo,
Só ataco.
Se não os outros
Ataco-me a mim mesmo.
Que sou eu
Senão a cinza
De um já passado eu?
Lembro-me de mim
Quando me esqueço
A escrever (sobre mim).
À noite recordo
O meu principio
De ser alado, fantástico
E assim a morte que me assiste
Reconhece-me mais que vivo,
Pois a venço.
Uma luta infernal
É diariamente executada dentro de mim.
Porquê?
Perdi tudo
E continuei assim,
Assim como, ao que parece, sou.
A vida é um divertimento.
Pois o sangue
Que me sustenta o corpo
Mantém também, bem vivo,
O meu cérebro.
Aquele intestino maravilhoso
Que invés de cagar
Inventa e sonha.
Que coisa maravilhosa!
Oh, não me toques.
Com essas vestes de ser actual
Poluis a minha aura universal.
Desculpe minha senhora
Mas é preciso ser louco
Para se manter a vida sã.
Um louco simples
Que se dissimula
Vestido de menino
E bem educado.
Ah mas que graça…
Por momentos, agora,
Fiquei pensando
Que isto que escrevo
É realmente louco e absurdo.
Não sabe o menino
Que o único medo
Que existe é o medo em si?
Sejamos guerreiros
Se não de pátrias, fronteiras,
Culturas ou tribos,
Do reino mental que é
Como dizer
Espiritual!
Que culpa tenho
De conseguir erguer estruturas orgânicas
Em plano virtual?
A angústia de viver
É coisa que se não pode ter.
Ir em frente
Sempre.
Parar um pouco
Com o amor
E o salgado sexo
E continuar .
Abrindo espaços incógnitos
Que não reconheçam humanidades.
De uma coisa
Eu estou certo:
Não me responsabilizo pelo que escrevo.
Escrevo o que sai,
O que tem de sair
Para conseguir eu
Viver a vida
Que tenho em mim.
Que se fodam as edições de autor!
Quero voltar aquela época
Em que o criador
Era incógnito
E não assinava o que criava!
O que interessa a individualidade
Quando o que se alcança é a universalidade?
Ó, que tou farto de bestas
Que querem saber quem os salvou!
(salvou de quê?)
(salvou de quê?)
Foi a vida,
Somente a vida.
Quem a criou
Apenas a escutou.
Está tudo dito.
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