Ali no encontro entre o céu e o mar
Nascem-me sonhos que os vendo acredito.
Tropeço a calçada Lisboeta
Em jovial peripécia de estar
Com planos para o futuro.
Saco do bolso o tabaco de enrolar
E enrolo um cigarro para fumar.
A gente que passa a pé,
De autocarro e eléctrico
Olha-me surpreendida
E eu lhes retribuo sorriso agradecido.
Não é por nada mas gosto da atenção
Muda dos outros
E a sua dúvida perante a minha saliência.
Fumado o cigarro me movo com o vento
E encontro o que me procura(já há tempo).
Vivo em calma nestes tempos de turbulência
E é, creio, essa calma que desacalma e surpreende
Quem me vê.
Tenho o grande dom de dar sem esperar receber.
E tanto me já habituei a não receber
Que quando recebo como que me estorva.
Mas logo reconheço que quem me dá
Também dá por querer dar
E assim sintonia é gerada e somos felizes.
Gosto de apreender a vida solitariamente
E gostar do que gosto para me entreter.
Antes pensaria que tinha de não gostar de mim
Para me livrar da solidão e gostar dos outros então.
Mas não, não é necessário.
A mudança real não gosta de brusquidão
Nem de revolta.
A mudança faz-se porque apetece e não por fuga.
Apetecendo se recolhe as linhas do destino
A um novo gosto, e tudo, a partir daí, vai por ali.
É engraçado como é o tempo que lima
As arestas afiadas da adolescência, criando,
Finalmente, algo coerente e como que redondo.
O racional pensa em recta mas o coração pensa
Em curva para gerar compreensão.
Viver em recta é o erro de quem pensa
Que o mundo contemporâneo tem-lhe algo
A dizer(ou censurar).
Olho a Natureza e toda ela é
Redonda e dinâmica
Mas viro a cara para o barulho e o desassossego
Da sociedade humana e me parece
Que tudo anda para onde Tem de andar,
Isto é, sem prazer.
É que o prazer é qualquer coisa
De delicado e como que feminino
Que deve ser escutado antes de mexido.
Devido a uma disciplina diabólica,
Tudo isto que escrevo, é absorvido e compreendido
E assim a vida se faz entre o humano contemporâneo
Que se é e a Natureza universal que se é também.
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