Crianças felizes e egoístas
Que estão-se cagando
Para a monotonia da civilização do chão.
É preciso largar
Os sonhos em realidade
Ou em arte
Para não enlouquecer com eles.
Quem está lá no alto a brincar
Não olha cá para baixo…
São os do chão que têm de ir ao alto
Com a mão e por força da inspiração
Esfregar de terra e lama essas crianças
Felizes e mal-criadas que brincam connosco.
Não há que ter medo
Mas há que ter medo de o ter.
Assim, me parece que a única saída é mesmo esta:
Esfregar as crianças do céu com lama do chão.
Seja a vida uma coisa linda
Que elas se podem juntar a nós,
No chão, brincando.
Até lá há que lhes bater, se necessário,
Para poderem elas continuar a brincar
E eu a trabalhar.
Vejo que os medos são fantasias
Que nascem da solidão.
Confrontados com a realidade
Os medos caiem
Como véu sem forma, no chão.
É tão boa a vida simples.
É tão boa a vida sem pensamentos
E sem sonhos…
Porque a vida de sonhos
Ou se mata,
Ou se usa em arte,
Ou nos mata.
Mas a vida é simples apesar de tudo.
São os medos que a complicam e é uma pena
Porque gastam espaço de tempo que poderia
Ser usado para viver.
Ter quem se possa agradar em todo e qualquer
Próprio e individual gesto é uma salvação para tudo isto.
O grande problema é a solidão.
Isso é que nos corrói a vida e
Não pode ser.
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