quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Quis esperar-te na sede do café
E de tanto te demoraste
Que escolhi saciar-me à tristeza
Num jogo de solidão atroz.

Quem te viu me disse
E a ti te disseram que me tinha esquartejado
Como escultura andante à tua espera.

Surpresa, admirada, te comoveste
Com a projecção real de tua ideia minha
Na sede do café como eu que sou.

Apressas-te a me vir ao encontro
Estando eu nas lacunas do prazer louco
De com ninguém andar a estar.

Chegas e mais uma vez nem vestígios
De minha carne.
Esperas porta sentada,
Olhas em volta,
Pensas do que foges
E olhas o que pensas.

Finalmente chego exausto da correria
Da minha loucura
E soltas tal grito que logo me presto
Sóbrio de o não estar.

Sorrisos, calor, e amor
A pairar pelos calcanhares.
Entramos, sentas-te e eu me deito.

Recordas a noite de ontem
Como se de toda uma vida se tratasse
E eu de silêncio te decifro
O que foi que não foi
Da minha vida antes de tu chegaste.

Além que eu sou eu e tu és tu,
Somos juntos.

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