sábado, 15 de dezembro de 2012

Por enquanto perfeito encanto,
Talento despegado de viver
Como um pobre rato nobre,
E escolher o que há ao alcance da mão.

Desprovido de vaidade
Pretensão mas não de virtude,
Olho o chão que caminho
Com atenção e compreensão suficiente
Para se ele encantar.

Acho que é aqui,
Onde as coisas são baixas,
Que eu movo o meu alto
Em calma e perfeita integração.

Porque tenho a aprender com isto tudo.
São eles que me ensinam a viver.
Pois é de eles que tenho de colher
A linha horizontal de me entreter
Em sociedade geral.

Estar integrado é para mim
Uma coisa rara e maravilhosa.

Estar integrado,
Onde se quase deve ter vergonha de estar,
É para mim uma rebelião subtil e saudável.

Se a revolução já nem quero,
A rebelião discreta e só por mim entendida,
É certamente a fonte de me encontrar
E no entanto de estar integrado.

Ser útil, de uma forma banal e prática,
É uma honra e uma disciplina superior.

Pois descalço, como sempre estou,
- culpa do poeta que sou –
A vida é demais dispersa e livre.

Pôr sapatos,
Não porque quero
Mas porque os tenho de pôr
Em ordem de me abastecer de dinheiro.
É um jogo mágico que gera integração,
Sociabilidade e destreza artística,
Pela privação dela enquanto trabalho.

Em silêncio passo pelo mundo, sorrindo.
E vou alcançando o que quero
Como quem não quer a coisa.

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