sábado, 22 de dezembro de 2012

Os sonhos correm no alto,
Crianças felizes e egoístas
Que estão-se cagando
Para a monotonia da civilização do chão.

É preciso largar
Os sonhos em realidade
Ou em arte
Para não enlouquecer com eles.

Quem está lá no alto a brincar
Não olha cá para baixo…

São os do chão que têm de ir ao alto
Com a mão e por força da inspiração
Esfregar de terra e lama essas crianças
Felizes e mal-criadas que brincam connosco.

Não há que ter medo
Mas há que ter medo de o ter.

Assim, me parece que a única saída é mesmo esta:
Esfregar as crianças do céu com lama do chão.

Seja a vida uma coisa linda
Que elas se podem juntar a nós,
No chão, brincando.

Até lá há que lhes bater, se necessário,
Para poderem elas continuar a brincar
E eu a trabalhar.

Vejo que os medos são fantasias
Que nascem da solidão.
Confrontados com a realidade
Os medos caiem
Como véu sem forma, no chão.


É tão boa a vida simples.

É tão boa a vida sem pensamentos
E sem sonhos…

Porque a vida de sonhos
Ou se mata,
Ou se usa em arte,
Ou nos mata.

Mas a vida é simples apesar de tudo.
São os medos que a complicam e é uma pena
Porque gastam espaço de tempo que poderia
Ser usado para viver.

Ter quem se possa agradar em todo e qualquer
Próprio e individual gesto é uma salvação para tudo isto.

O grande problema é a solidão.
Isso é que nos corrói a vida e
Não pode ser.

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