Bonito é ver o mar
E o português a pescar.
Bonito é saber
Que se continua
A bem comer.
Bonito é ser português:
Um bárbaro afável
Camuflado de europeu.
Bonito é ser simples
E pobre
Tendo a vida como
Um dado certo
Para o pouco que se tem, quer.
Bonito é saber ser pequeno
Para por dentro,
Às escondidas, se sentir bem grande.
Bonito é o sol e o calor
Graças
E vamos para a rua!
Bonito é saber apreciar
Com a vista
E saber que o tocar é menos
Que a fantasia
Que vive em nós,
Pensamento.
Bonito é ser daqui e não de lá.
Bonito é reconhecer
Que viver basta
E o demais
Que nos aflige
Dos tempos modernos
É devaneio,
É palermice.
Bonito é ter o corpo ao sol
E ostentar
Pele mulata ou preta
Com orgulho
E como identidade.
Bonito é olhar o horizonte
E saber que nos pertence
Não por ser nosso
Mas ter outras almas
Que falam nossa língua.
Bonito é saber de História
E saber de Filosofia,
Crenças e manias.
Bonito é ver que aqui
Estamos nós bem:
Uns a pescar,
Outros a olhar,
Outros a escrever,
Outros a ler,
Enquanto o mundo,
Lá atrás,
Anda de carro e compra
O que podia, por ele, se oferecer.
Bonito é estar na rua
E sabe-la viver.
Que há uma Arte da rua
E só dela sabe
Quem já a fez ou faz.
(Bonito é viver e ser português!)
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