Um lençol azul manso
Que acarinha meu turbante de orgulho próximo.
Vejo a queda de água a cair
Enquanto me levanto,
Surpreso de energia,
E me dobro por dentro,
Ó noite minha.
Ficam segredos por contar
Tragédias que nunca foram
E sonhos a ser.
Há um sono dentro
Que quer partir,
Deixar a confusão do barulho e ir.
Dormi-me ali um pouco e tudo
Parecia certo,
A vida que tinha e a que teria
Se me levantasse.
Então lá me levantei
E notei que
A gravidade,
E minha consciência dela,
Me puxavam para baixo
E que meu sonho
Se parecia agora que longínquo.
Como permanecer no sono,
Que é o sonho,
Na vida em que se realmente anda?
Porque me é hoje
Pesada a vida
Como se me fosse negada
Logo antes de principiada?
E noto bem,
Que não só a vida,
Que para não lhe sentir frígida
Eu me nego passagem
Para distrair culpabilidades…
Sou eu ou a vida
Que me pára?
E será que me paro deveras
Ou me simplesmente adio?
Voltava agora de bom grado
Para a terra do sonho
Que esta terra faz demais barulho.
(Dormir a sesta é coisa
Que me molesta.
Tenho toda uma nova caminhada
A fazer
Para me despertar deveras.)
E uma menina,
Com certeza que bonita
(que não lhe vejo a cara),
Maneja a mão ao alto
Chamando seu amigo, seu irmão.
E aquele com quem ela está
Vai pescando, aguardando.
Eu vou-me fingindo
Responsável por tudo o que alcanço e vejo.
Não me poderia cingir a mim?
Ser apenas eu e minha vida?
Enfim…
Antecedo a velhice
Neste corpo esbelto e firme
Que deveria combater uma guerra
Ou gerar um filho:
Coisas úteis…
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