terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

A arte cria-se através duma criança magoada, a criança do artista magoada.
Quando esta encontra o mundo, a moral, a sociedade, a responsabilidade da existência no mundo e na pertença á humanidade ou morre ou se mantem escondida mas viva no interior da mente do artista.
O artista, mais das letras, talvez o mais lúcido dos artistas, é imensamente mental, porque se habituou desde pequeno a tal, devido ao constante conflito com o mundo natal. Já lhe é natural a convivência constante com o mundo real e o da mente que para ele certamente será mais verdadeiro e natural.
Esta convivência excessiva consigo mesmo cria uma ideia de que se é especial ou anormal. É essa ideia que ou se larga ou se pega. O artista é quem pega nela porque se vê incapaz da deslargar. Quando a pega começa a usá-la seja onde for de lugares artisticos.
Usa-a e torna-se sua vida, mais que o real a sua vida é uma luta com o transcendental.
Seu corpo, sua vida real não basta para sua ambição animal, tudo o que sente, pensa, cria é um toque ligeiro ou brutal no corpo da Criação.
Não quer desistir pois a vida sem esta dádiva/maldição parece-lhe demais sem graça, esta é a questão a que quero chegar.

O artista por mais alto que seja ou tenha sido não compreende que em si carrega a manifestação fulcral da natureza/universo. Ele com esse encontro mágico que lhe fornece capacidade para criar tal qual sua mãe natureza não compreende que pode encontrar a derradeira existência, que é aplicar sua força da natureza na existência real.(e esquecer o mundo banal).
Se o artista se mantem a criar até sua morte ele perdeu a opurtunidade de encontrar o nirvana na vida, ou melhor até, de encontrar a morte na própria vida.
O fim do mistério do universo reside aí.
A existência suprema dum raio da natureza ter caido num artista e este o prestar a manifestar, mas se o presta a manifestar para a realidade civilizacional estará sempre milhões de anos atrás da sua possibilidade existêncial.
A questão, é que penso que o artista pode através da sua criação sofisticar-se ao ponto de a poder largar em termos materiais e partir no encontro á vida na terra, aí por mais que seja diferente o seu local de vida real, sustem em si na mente a existência suprema da vida, será como dar um “passo-bem” ao seu criador.
Estará em paz e naturalmente viverá sem a pressão do exterior, pois sabe que a vida está em si e na sua relação com o exterior.
O real dos outros passa a não lhe dizer nada, porque ele saberá da vida em si, já se encontrou com a criação do universo e sabe que não há nada a saber senão viver.
Em si se fecha o mistério da vida e do universo, ele é o universo.

Sem comentários: