quarta-feira, 24 de outubro de 2012

É um segredo.

Data o Outono
E o frio
Encanta-me de novo,
Espantando o meu
Calor para fora.


Trabalho na tarefa
De me conseguir ser.
Coisa estranha quando
Se pode logo ser, não é?

Mas eu
Primeiro que tivesse possibilidades
Para ser eu
Fui um outro danado
Exacerbado por minha amada.

Lembrei asseguir
Sua ida para longe
E disso nunca mais me esqueci.

E alguém guardou o segredo
Para de mim não me voltar a encontrar.

Lá que me encontrei
Voltou ela
Querendo-me novamente,
Ao que eu fugi
Como ela o demónio,
Porque hoje quero ser
E sou eu o demónio.

Há que nos aliarmos
Aos deuses do negativo
Para procriar
Aí sim
O mais cristalino dos positivos.

Rogar aos céus
Forças de outrora com
O corpo e mente de agora,
Reconhecendo que o impossível
É hoje só uma outra ferramenta.

Nasce então do segredo
O eu que sou.
Aquele que se abriu a mim
Por eu o saber esperar.

Dança a flor dos ventos
A maravilha de nascer e nascer
Por toda a vida a crescer.

A morte torna-se
Simbólica então,
Apenas um símbolo e
Jamais real.

Já tão pouco sei
Da vida actual,
Espera-me a universal.

Mas, que posso eu inventar terra
E a caminhar como se mais real
Que essa pobre realidade.

O começo é passado
E meu continuar
É uma compulsiva reencarnação,
Da qual encarno
Não outro corpo
Mas outro ser a ser,
Outra vida.

Ter em quem procuro
Deduz-me em tempo
Por segundo.

A desconfiança pelo conforto
E por essa harmonia morta do hábito…

O concurso rege-se por vontade
E a vida vive-se em arte,
Pois a cara de quem anda aí
Censura qualquer ousadia,
Isto é, alegria de viver.

Hão de parar os carros,
Comboios e aviões
Para ver passar quem nasceu
Por sua voluntária morte.

Cristos que não pregam
Mas vivem,
Apenas vivem suas vidas
Como sábios que agora são.

Os outros que morram
Que há muita terra que fertilizar
Com sua carne em putrefacção.

Amanhã sonha a vida o tal segredo
E com a paciência desses cristos
Ela iluminará quem ainda restar.

Aí e só aí
A vida Será novamente.
E viveremos finalmente como Deuses,
E os Deuses
Morrerão como seres mortais
Que agora serão.

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