Então, num despiste aéreo
Que se não viu coeficiente na terra
Aprovei carimbo, um alto funcionário da pátria,
Língua portuguesa!
Aprovei o ponto final
E descobri, em segredo, uma linha recta
Por debaixo da alcatifa da sala...
Coisa fuinha passou por mim,
Branca,
Perguntando-me onde tinha eu estado.
Dei estalada nela e disse-lhe nunca me
Perguntar tal coisa,
Tinha-lhe já dito!
O cão vem a mim
E lembra-se fome, não minha
A dele.
Servi-lhe o prato que comi
Antes dele
E ele baixou cabeça em vénia,
Lembrando sua submissão ao dono seu,
Eu.
Comendo, me dá ele fome novamente
E digo eu ao corpo que comi à meia hora,
Ele se não interessa e grita carência.
Porra! Vou à puta do quarto
Pego a laranja que alimenta e me sento ao chão,
Amigo de meu cão, comendo-a.
Onde está minha mulher
De tez preta?
Frutívora asseada de terras de África.
Fala português
Só que não é de cá,
É de lá.
Lembra-me a minha avó
Que não conheci, nem era preta...
Porra!
Que o gato me alinha em tropeção
Querendo também seu tão merecido pão.
Sou pai vosso por acaso?
Sou, sou dono ao acaso.
Encontrei-vos na rua e vos dei casa,
Alimento, coisa que nunca ninguém
Fez por mim.
Faço-vos a vocês por serem
Cão e gato,
Agora humanos deixo-os pelas ruas.
Esses merecem as ruas
Que de partida renegam.
Há sempre aquela festa
Que busca o encontro com a felicidade plena
De ser criança e não o saber.
Ai, mas festa não.
Quedo-me na cama satisfeito
De meu duplo jantar.
Cão e gato procuram-na também
E lhes digo que sim com a mão.
Só minha mulher
Não vem.
Nem essa de cara branca
Que levou chapada merecida
De se meter na minha vida
Tão necessária de não analisação racional.
Busco uma cerveja do frigorífico
E ponho-me a escrever.
Que dormir só quando se não vê nada à frente.
Ai que saudade de ser eu pequeno
E o mundo me sorrir complacente
Por nada eu lhe meter em causa.
Hoje,
Abrindo os olhos basta
Para silenciar
Eu
O mundo à minha volta.
Não é digno
Ele
O suficiente
Para ser recebido
Vulnerávelmente.
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