domingo, 19 de outubro de 2008

Vozes caminham,
Vozes rastejam,
Vozes gritam
A solidão da existência humana
Realça-me o céu da frustração
E isola-me de um
Final que afinal é meu.

Sei que a pedra e o mar
São conhecidos, só não sei
Porque é que o sonho de os ver colidir
Me desinteressa tanto o sexo.

Amei-me mas especulei
Que amá-la seria melhor
E mais completo,
Cedo me enganei
E por calçadas escorregadias
Tropecei e vi-me
Cair no assombro
De ser mais um
Na colónia.
Um nada
Foi o que encontrei,
Colhi-o e sorri
Pois a ideia
De o construir aos poucos
Foi-me aliciante
Para meus ideais e desejos.

Mal o nada
Foi algo,
Larguei-o e deixei-o ser
Sem mim por si.

Mais tarde colhi outro nada
E fiz o mesmo,
Pois meu desejo não é finalizar nem aperfeiçoar
Mas criar.
Se eu pudesse
Escrever tudo
O que por vezes
Se forma na minha mente
Teria criado
Uma enciclopédia
De orientação meio niilista
Onde todos que querem viver
Sem apegos
Pudessem sorrir e se abraçar a si próprios
Sem fim até ao fim.
Quando a começo a ver
No horizonte
Da realidade projectada
Na mente
Começo a escurecer
E a perder forças.

Parece que ela traz consigo imensa luz
Escurecendo-me.

A razão disto
Diria que era
De eu resistir
A uma essencial emoção,
A de entrega total
E desistência do meu dia-a-dia familiar.

Chocamos os dois porque somos
Iguais em muitos aspectos...
Procuravas-me
E eu a ti.

Gerou-se amor
Consequentemente
Desde o primeiro olhar.

Mergulhámos um no outro
Explorando tudo
O que bem nos apetecia
E servia a cada um.

O caminho é sozinho
O amor é aprender.

Quando longe ficaste
Por demasiado tempo,
A mente subiu mais
Um degrau
E eu como olho
Mais para a escada da consciência
Do que para afinidades
Quis te esquecer.

Claro que é dificil.

Mas a verdade
É que é uma decisão
Consciente e orgulhosa.

Dei-te a liberdade
Que querias e evoluiste
O que querias e o que
Eu queria também
Para ti.

Fizeste o mesmo a mim.

Solto-te agora
E consequentemente
Te faço afastar de mim
Para os dois seguirmos
Rumo à luz da existência suprema.

Não quero o habito,
Não quero o conformismo
Desta relação,
Não.

Esta era para evoluir(-mos).
Por vezes
Encontro o
Consolo de viver
Em me esconder da realidade,
Em me esconder
Do tempo, da idade, da existência.

Sendo simplesmente um
Elemento que pensa
Sobretudo isto que vê à volta
E sente.

Sem individualidade,
Sem existência,
Penso sobre o que posso
E quero
Livre o quanto possivel
Das prisões da realidade.
Pessoas mediocres
Fazem-me sofrer.
Não me deixam ser
Por inteiro porque assim as destruo.

Pessoas mediocres
Fazem-me pensar no que digo,
Dizendo que é excessivo,
Esquecendo-me eu no
Tempo já investido
Sozinho a pensar
No que penso, digo.

Pessoas mediocres gastam-me
Com mediocridades e cuidados
Excessivos.

Pessoas mediocres fazem-me
Usar uma expressão
Que despreso e abomino
Aplicado a pessoas.

Pessoas mediocres de facto
Não vos posso ter perto.
O que escrevo é
Talvez para mim
Como um vinho
Que vem da uva
E necessita de tempo
Para se auto-criar sozinho
Ao sabor da mudança
Da minha própria mente
Crescendo de importância
À medida que a data
De criação se mostre
Mais distante
À actual.
O perféccionismo
Que achas
Tão belo e divino
É o esforço
Inútil de tornar
O universo
Numa coisa racional.

Haverá coisa mais patética?

Longe da inocência
E da essência
E todas as ências
Encontra-se o universo.

O caos absoluto,
De tão absoluto
Se torna harmonioso.

Tu és um ser humano,
Pensa, mas não acredites.
Não há caminho
Se não sozinho
Para mim.

Estou destinado a isso
Como uma maldição.

Como vivo assim há muito
Lido bem o suficiente
Com esse pesado fardo.

Caminho sozinho
Porque sozinho é que realmente
Se caminha.

Só acredito naquilo que
Me parece ser real.

Penso ter um filtro nos olhos
Ou melhor na mente
Que me faz saber
O que é um sorriso,
O que é medo.

Penso que a minha
Pessoa só por si
Tira a máscara
Ao mundo em redor,
Já nem tenho de fazer
Nada para compreender
Melhor o mundo,
Somente sendo, dispo todos
Os seres e as mentiras
Do sistema.

Sei que estou doente
Da cabeça por não ter uma deusa,
Também ela virá quando
Tiver que vir
E sei que se me preocupar com isso
Ficaria desorientado.

Sempre respeito próprio, mesmo que na merda.

Esse é o meu principio.

Somente esse.
Hoje vi um miudo.

Ele não me sorrio
Nem me viu a vê-lo
Porque é assim
Que são os miúdos.

Caminham pelo trajecto
Da vida sem se ocorrerem
Das peripécias deste,
Simplesmente deixando-se viver
E sentir o sabor
Da existência livre.

Eu que finalmente me acorrentei
Parcialmente à vida real,
Choro a perda
De alguma inocência.

Já também não a encontrava em mim,
É preciso viver e sentir-se vivo
Para senti-la.
Mas eu ja não a sentia.

Daí ter-me privado dela
Para poder ter algo em minha posse.

Por mais triste e vazia
Que seja essa nova posse
O passo em frente tem de se dar e tentar.

Comunicar com os antigos da vida
Com deveres e responsabilidades
Que eles os adultos possuem
E questionar-me a mim
Mesmo dentro do assunto.

Saber mais uma vez
O quê de verdade e mentira.

Compreendendo a vida
Por minhas próprias mãos.
Estou a caminhar,
Estou a caminhar.

Estou a caminhar por meus pés
Finalmente.

Estou a caminhar,
Estou a caminhar.

Não a correr mas a caminhar.

Vejo isto aqui e aquilo ali,
Estou a caminhar
Vejo tudo então.

Não fujo, não me escondo,
Estou a caminhar por meus pés.

Estou,
Estou sim
A caminhar a caminhar
Sem saber onde comecei,
Sem saber onde acabarei,
Estou a caminhar
E ao caminhar
Estou a viver.

O mundo é tão belo
E hoje vejo-o de facto
E não o sonho belo,
Vejo-o,
Porque estou a caminhar,
Porque estou a caminhar
Por meus pés.

Não há tempo,
Não há passado, presente e
Muito menos futuro
Porque estou a caminhar
E vou continuar
A caminhar até
Tudo isto
Para mim acabar.
Esqueci-me de trazer
Minha essência intima
E calorenta real
Quando a deixei ir a ela
Livre para se juntar
A um novo princepe.

Cansado dela ser meu centro
Ainda amoroso.

Ela ja fornica concerteza com ele por todos os
Lados e eu aqui a armar-me
Em útil.

A única coisa que existe
De facto neste meu mundo
É o reconforto amoroso
Na alma doutra pessoa,
Abraços sobrenaturais
Capazes de afastar tudo o que
Seja dispensável e fútil nesta
Vida ficcional.

Ela não me chora não,
Está feliz com ele,
Têm bom aspecto os dois,
Sei isto porque ja vi suas fotos
No messenger.

É aquele amor fácil que não
É amor,
Entao pode ser projectado
Como tal
Para o exterior
Com um calor ligeiro de paixão
E não um elixir de divindade
Destruidora/curadoura
Que o amor real
Expressa e explora.

O amor verdadeiro é mais dificil,
Para nós criaturas
Deste mundo moderno,
De ser identificado
Como amor, por parecer muito mais
Do que todos os cartazes
Românticos da publicidade
Imunda da televisão e da cidade.

O amor verdadeiro existe
E destrói toda a criação
Exterior,
Formando
Um elo divino
entre 2 pessoas.

Esse sentimento é o mais possível de estar
Perto de ser deus e o universo
Num só.
Ao havistar
O norte
Do meu caminho
Julguei o sol de manhã
Ordenando-o que caísse
Imediatamente,
(e dentro da balança do dia e da noite chamá-se a lua)
Quero noite
Não me sinto em sol
Não o quero.

Só não me deixa
Estar concentrado
Na minha noite.

O caminho não pretende
Ser fácil
E nisso
Concordo mesmo,
Um caminho
Que se preze será dificil
Ou simplesmente
Complicado ou complexo.

Quero noite.
Ela que venha rápido
pois estou com pressa!

A noite não me exige nada,
Falo em conceitos aplicados
A uma sociedade ou
Mesmo a nível natural
O dia exige mais.

Sim mesmo
A nivel natural
O dia exige e a noite acompanha,
Nem sorri, nem chora,
Acompanha serena
Como um pai que apoia
passivamente.

O dia causa o dia,
É só acção e se ela
Não há,
Há mas é o
Negativo dessa e isso
É uma merda.

O dia é só acção,
A noite não,
A noite é contemplação.

Vai fluindo serena
Amiga de quem
A vê.

Vai olhando para mim
Mas não sorri,
Somente olha,
Está lá
Não se manifestando
Como importante.

A noite cheira a serenidade.
Ao caminhar
Vejo a próxima
Pedra para tropeçar
E me alegro
Com a ideia
De que ela
Me ensina a viver.

Pedra minha,
Pedra da rua da vida,
Pedra de alguém
Ou ninguém,
Apartir do momento
Que passo por ti
Passas a ser minha
E choro com isso de alegria,
Porque me ensinas
A viver e dou graças a isso.

Longe de mim ter pena.

É pouco util essa coisa.
A noite ensina
E no dia se pratica.

Nada é fatal
Tudo é real
Daí a beleza
De estar vivo
E não num jogo
Sucessivo.

A morte é nossa última barreira
A transpor.

É ela amiga, é ela inimiga?

Não sei, sei que faz parte da vida.
Ai seres crentes
A importância
Que dão à felicidade
Irresponsável.

Projectam tudo para ele
Ali em cima.

Tudo ele te faz,
Tu só tens de ser feliz
Na tua inconsciência.

Religiosos são menos
Espirituáis que eu
Que tenho todo o meu poder
Da vida em mim,
Sendo responsável
E consciente desse poder.

A felicidade que vos resta
E que fazem por emanar
É-me triste
Porque é-vos
Permitida.
Não são vocês
Mesmos com consciência
Que a permitem
A si mesmos.

O vosso deus é um
Espantalho,
Enquanto que o meu
Se confunde comigo.

Para mim a vida que vejo
E tudo que me acontece
E faço seja bom
Ou mau é espiritual
Simplesmente porque acontece
Sem razão especial,
É apenas.

É esse “ser” apenas das coisas
Que me fascina e me é espiritual.

Vejo o mundo com meu
Filtro visual
E mental e se te desse a ti
Esse meu poder podes crer
Que viverias mais
Descansado.
Mas também provavelmente
Não terias o minimo
De capacidade para lidar
Com o meu nivel de
Responsabilidade e consciência.

Eu sou,
Eu existo,
Sou superior por isso mesmo.
A água caminha pela ilusão da sabedoria
E longe vem mal escrito
A palavra vida
Que me indespõe
Instantaneamente
O que me faz ficar triste
Não sabendo bem
Porque prossigo na
Matança insonsciente
Duma manada
Imensa de gente
Alguma desconhecida
Sempre constipado,
Procuro água salgada
Para respirar
Quando a encontro esta está vermelha
Assusto-me então
Com o medo de me tornar vermelho e estranho,
Medo de que eles
Já não me vejam isentos
De pensamentos peganhentos.