quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Conhecendo algo fugitivo da sua condição de camponês num mundo globalizado
Foge da sua possibilidade de ser ser humano
Com calma para se tornar num forte ser fugitivo
Da sua própria realidade.

Confusão interior de sentimentos
Exigências mil e possibilidades tantas!
Há ainda esperança,
Ai essa não morre
Tem dias em baixo
Mas tem-se de viver!

As pessoas correm de um lado para o outro
Fingindo ter uma vida
E tu parado a olhar
Tocando bossa nova
Na minha guitarra,
Mas que maravilha!

“vou para frança, há mais trabalho lá.”
Me dizes.
Apesar de dizeres que vives perto de st apolonia
Acredito seres mais um daqueles
Que não têm “tecto.”

Livre possibilitado da vida de miserável
Que de nada tem de miserável.
Procura um tecto seja ele qual for
Se o for em forma de sentimento, de ideal, de missão melhor ainda!

Que venha uma dose diária de loucura
Para se aguentar o cansaço e a tristeza.

Imagino-te nas escadas da estação de
Santa apolónia é isso, vives lá!
Há tantos lá a viver assim.
Vão até lá distribuir comida e agasalhos todos os dias.

Mas a vida continua dificil
Um homem não deve necessitar
Da caridade dos outros,
Reduz-lo á condição
De inferior, de necessitado.

Silêncio nas vozes que me rodeiam
São todos iguais,
Penso termos isso em comum,
Vejo-te a pensares isso.

Tão afastado mas tão perto te sinto
Da minha condição mental,
Pois sabes,
Eu sou também um fugitivo,
Mas pior que tu
Tenho de me fingir centrado
Para com os que me rodeiam.

Prazer em conhecer-te
É sempre um prazer.

Seres que lutam por uma vida
Que não lhes era destinada,
Seres que se elevam da condição de ser humano
Para ser controlador do seu próprio corpo e mente,
Têm uma meta á frente
Algo que diz para continuar.

Vamos a isso
O obscuro real que nos rodeia
Não é mais que um filme a rodar numa parede que não é a nossa
Pois como te lembras
Somos os dois uns “sem-tecto”.

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