segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Eu nunca estou triste.

O que mais posso estar
É louco.

A tristeza é querida
E me guarda
Terna a existência.

Sem ela teria
De ser como todos os outros
E isso ao que parece não sou.

Dúvidas, todos temos.

Se (se) persistir nelas
Sem as resolver
Elas resolvem-se por si
Como flores a brotar ao sol.

A maior tristeza é
A ignorância e o conformismo
E esses, normalmente,
São felizes.

Vivo além do meu caminho.

Como que me olho de cima
A cada momento.

Tudo o que faço
Parece sempre estar
A ser analisado por mim
Ou por algo maior que eu.

O mundo me estripou as entranhas
E os amigos e família nunca me conseguiram  ajudar,
Pois não há como ajudar uma pessoa que quer entender
E não vê mal no mal.

Olho os olhos da nossa gente
E estão curvados de medo e ansiedade.

Falo com amigos
Dizendo que não tenho amigos,
Ao que a Mariana responde
“eu também não”.

O que nos aconteceu?

Que vida é esta em que
Fingimos e nos brutalizamos
Para sermos aceites?

Digo que sou niilista
Porque é a única maneira de estar em sociedade
Sem ser brutalizado por ela.

Fora dela,
Da sociedade,
Sei que sou espírito,
Extremo crente desta divina
Experiência que é viver.

E me perguntam sofregamente como estou,
Como se ser e viver sozinho
Fosse algo trágico e involuntário.

E me dizem que tenho de fazer isto e aquilo,
Conhecer esta ou aquela coisa.

Não vos entendo…

Eu não preciso “disso”,
E vocês também não.

É fascinante o esforço que se dá
Dia-a-dia
Para contornar a vida,
Esquecendo-a ou a somente enveredando
Por estereótipos seguros e vigilados.

Tem-se de cair morto no chão,
Ou foder a companheira na rua
Para que esta nossa gente compreenda
O que é real, isto é, visceral.

Os sorrisos e gargalhadas…

Tanto sorriso e gargalhada e no entanto
Só existem porque isto é o devido espaço
E tempo para os manifestar.

Voltando a casa
Tudo, ou quase,
Cai morto para dormir.

Vivemos mortos minha gente.

Eu, ao menos, assumo-o
E ironia das ironias
Sou feliz.  

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