segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Acorda-se a noite do tempo e chama-se a boémia para pousar, tipo nevoeiro, pela sala enquanto durmo o nervosismo da vida em sincera mania de morte. Ai que medo de ver luz passada, em forma física. Concreto o real, vivo largado no ideal de minha ausência gerar pensamento. Filha quente de meu aureolar começo… Tens tu espaço a esta vida? Não serás demais, demais a tudo isto? Que falo eu se não loucuras, loucuras que rebentam de mim, sendo eu sempre uma pedra. Quem será eu, senão um espantalho que espanta as almas do outro mundo? Viver comedido de meu viver e sempre que olho, Ai o medo de ver quem me conhecer! Ansiedade madrasta de eu ser teimoso ao adiar a vida à impossibilidade.
Afasta o sino da igreja e gruta-o no bosque, bem no meio do bosque. Assiste o mundo a isto e tudo sente um gratuito e intenso arrepio na espinha. Sagrado. Viver o sagrado como bela blasfémia, sacrilégio, pecado. Dizem que o maior deles é conseguir-se sozinho… Enfim, teorias. De mãe feita filha do meu pai e amada distante e fugidia, mamo-me a mim mesmo, o leite do amor, pois o outro da outra demora, demora muito… Na fuga, sempre na fuga, o meu condenado encontro. E o medo de me ter parado basta ser testado para ser confirmado. Foge filho meu, foge da vida, que tens encontro marcado com deus. Sou louco, é só. Enveredo por todos os caminhos que não posso e os simples que sinto que me satisfariam parecem-me impossíveis de tão ternos e mesquinhos. Nasci para morrer mas não morro ainda, então sempre procuro um derradeiro viver, antes que esta vida cesse, deixe de ser.
Concluo que sou peregrino, samana da modernidade, mas isto, meu querido, isto apenas na mente pois se me falares estou situado no além da tua possibilidade. Não nasci para isto. Habituei-me demais à guerra, depois à ausência, apenas para sobreviver e assim parece-me sempre de menos essa coisa fácil para vocês, tão difícil para mim: o simples viver. Amanhece-me o tempo, lembra-me o começo, tanto dele como do futuro. A minha alma não nasceu para a civilização, rege-se por coleiras e trelas de ferro fundido que eu mesmo forjei. Senão não conseguia, meu amigo, senão não conseguia, minha amiga. Rasguem-se as marés e se afundem os carros, comboios e aviões. E que só hajam essas belas pernas andantes, andar por esse todo chão!  

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