sábado, 14 de setembro de 2013

Ó mas que maçada sentir tristeza pelo tempo
e vê-lo ficar e ficar sem graça e nenhum lugar.
Era mandar-me dum penhasco, gritar à montanha,
beber do riacho fresco que há ao lado da casa
de madeira que um dia virá a ser minha.
Mas entretanto aqui, nesta casa de fim sem fim,
me demoro e anoiteço quanto mais me amanheço.
Vejo quem de longe sorri e diz que há sol ali também
e uma leveza livre de sebastianismos portugueses...
Que maçada saber da alma mas não do corpo e ficar
dividido nisto com a mente a latejar promessas e
esperanças que hoje parecem sem graça ou sabor.
Será que essa nave humana - o avião - leva sonhos
meus e do mundo, para a qualquer segundo me não sentir tão só
e inseguro? É chato que o sonho de criança seja pesado
à pedra que é a vida adulta, responsável e trabalhadora.
Parece apenas uma perda de tempo em que a vida é só
segredo para o sei lá quem dos céus ou dos governos escondidos.
Nem dá para falar mais alto que o baixo que se sente
pois desgoverna o tecto que de céu fez noite escura.
É ir comendo do que há e escutar baixinho o riso dos outros
para em calma usá-lo na alma como nosso.
Cansa a vida, oh cansa a vida!
E que horror é cansar a vida quando ela é linda e transparente.
Restam-me decisões que adio enquanto posso mas isto cobardia
minha palerma que deveras merecia uma grande chapada alheia.
Enfim, sou português.  

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