quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Na rua do nunca amanhecer
Olho em frente,
Escondido à janela da casa
Que não tenho.

Vivo aqui,
Ela é de alguém
E eu sou assim.

No silencio constante
De poder ser a qualquer minuto
Vou não sendo,
Adiando o próximo minuto
Como se de hora se tratasse.

Vivo calmo e tenho tempo para oferecer,
Coisa valiosa é o tempo…

Enquanto que no café,
Ali à frente,
Se grita o não-Futuro,
Eu falo presente como se de deus se tratasse.


Vêem pouco à minha beira
Os fregueses meus vizinhos,
Não sei se por timidez,
Se por me estranharem.

Lembro-me de um presente antigo
Que vivi intensamente com todas as células de meu ser…

Lembro-o com saudade
E o trago para meu agora presente
Enternecidamente.

Que meu futuro não conheço
E passado um outro presente,
Sou aquilo que não se define
Por nunca estar parado,
Isto é, sou presente.

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