quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Na tirada de me querer persuadir a escrever,
Escrevo um belo dia que o mar acompanha
Em som e visão.

Leio meu irmão Pessoa
E me rejubilo de amor por ele,
Por seu intelecto amoroso e sábio.

Que a vida devia ser infinita como a deveras sinto.

Como é possível um dia
Ser sem eu o estar a ver?

Pessoas na praia.
No mesmo meu dia
Sentem um outro,
Uns com licores de esperança
Outros, azeda especiaria que, quem sabe, apreciam.

Logo, o dia em si existirá?

Como o vejo,
Dia independente de mim,
Ele não tem qualquer significado nem conclusão,
É só um conjunto infinito de coisas que juntas formam um dia
Que por resquícios da minha vida passada
Interpreto como lindo.

Mas na verdade,
Hoje sendo eu a ausência que sou
E propondo-me a interpretar o que “é” sem mim,
Este dia até é triste, feio
Pois me invoca a esperança primitiva
Em que já não creio.

Aliás, hoje o dia
Ou a noite para mim, pouco existem
Já que não me interpreto vivo.

Sou só aquilo
Que penso no momento.
Entertainer do meu corpo
Só para que ele não me morra.

É uma experiência,
Não um suicídio.
É uma resignação,
Não uma desistência.

É só aquilo que sou de momento.

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