terça-feira, 2 de agosto de 2011

Tanta coisa que podia ser e não é.

Coisas todas juntas
Mas por dentro separadas
O suficiente para não ter de ser.

A coisa parva de nos olharmos
Buscando encontrar o que de encontro
Só há cá dentro.

E em silêncio nos assustamos
De pertencer ao mesmo
Querendo tão menos mais
O que podíamos ser
E por medo não somos.

Falar alto e dançar o ar
À pedra filosofal que é a calçada da rua,
Noite lisboeta,
E sangrarmo-nos em sorrisos excessivos.

Lembrar que a criança éramos
E de adulto o tempo e o hábito,
De almoçar ali e aquela hora,
Fez-nos desacreditar que amanhã não existe
E por isso possível é de o inventar.

E cansamo-nos nesta coisa
De ser correctos e satisfeitos
Enganando a vida
À morte de a esforçar
Para ser simpático
E preservar a calamidade
De nos dizermos democráticos.



Abrir a porta para a rua
Pisar o chão do presente com estilo
Dançar enquanto correm eles.

Iluminar a noite
Com um sorriso implacável de ser sincero.
Tragar a infelicidade alheia
Como uma especiaria
Que o prato principal tem-lo tu.

Orgiar as emoções
Em tentáculo largo
De desejo que lá no alto,
Onde os ventos são tempestades,
Grita a certeza de um amanhã
Já hoje presente.

Ah sim!
Mandar à merda a merda
E saudar a alegria de sermos um
E havermo-nos muitos.

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