sábado, 3 de novembro de 2012

Noite de Inverno
Sussurra a chuva pelo cantinho
E o vidro
Se parte no lixo.

Na Era da utopia
Reconheço-me em erro
De Acreditar
E isto ser demais de virtual
Para sustentar
A minha ordem física.

Noite que adorna
Os meus soluços programados
Para gerar arte.

As exigências do mundo
Fogem então de mim finalmente.

Poesia querida
Que me guarda
E me afasta
Do mundo que me quer.

Quero todos longe
E só eu perto de mim.

Revoltado com o ser humano...
Como se pode ser assim?

Tanta coisa por resolver
E, no entanto,
Não o demonstro em
Qualquer atitude minha.

Como se fosse eu
De pedra.
Como se dela,
Da vida,
Eu nada desejasse...

Quem me queria,
Quem me quer...

Porquê?

Eu quero
Não querer nada.

E invento sempre
Possibilidades
Para disso me cercar.

Mentiras são as minhas verdades
E essas vossas verdades,
De me quererem,
Parecem-me falsas e maléficas.

Pois, quando pelo chão eu rastejava
Vi bem como tudo e todos se alarmam
E fogem disso como se isso não fosse verdade.

Aí vi
Que talvez as verdades do mundo
São afinal mentiras
E a unica verdade que existe
É aquela que me faz chorar de alegria
Por viver só
E ver toda esta maravilha!

O vosso afecto me cansa
Pois eu sou carente
Dos dedos dos pés
Até ao sonho mais alto.

Não compreendo esta vida
Que me foi roubada
Por tudo e por todos
Mas compreendo a Minha vida
Que sempre brota
Pura e cristalina.

Sou ainda uma criança.      

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