terça-feira, 20 de novembro de 2012

Quando a porta do lado se abre
E aperta o coração
Que sereno estava à porta de outra.


Vão-se sonhos embora
E começa uma luta atroz
Que penetra a pele
E engole o choro em agonia de ódio.

Por parte da estátua fria
O corpo humano
Se dissimula em sensualidade.

E a, para sempre,
Fonte da vida
Lembra por partes desconhecidas
O caminho a tomar.

Claro que é agreste a vida
E claro que não é fácil.

As decisões correm aos milhares
À praça da consciência
E a cara fica apática, muda.

Enlouquece a esfinge.
Mente o carro
De noite sem faróis.

E um eu de ele ali
Foge ao encontro da vida.

Pudesse o sonho
Preservar sua unanimidade circunstancial
E a pedra voaria.

São catástrofes do tempo
Em que se avizinham amigos,
Amores e família.

Hoje fica o nada,
Vai o tudo
E o humano que se encarregue
De lidar com isso.

Foge o tempo
Para outro tempo e espaço
E fica seguro o pensamento.

Na parte de baixo trabalha-se
Enquanto que na parte de cima
Bebe-se gin e whisky
Para fingir prazer.

O chão largou velas há muito.
Foi para longe.

Quem vive hoje
Não está seguro.
Procura um tecto
Que o não reconhece.

Talvez afectos curem a vida
Ou então sejam os outros que a iludem à distorção.

Coerência é o difícil de conseguir
E o amanhã de aqui
Olha em silêncio para ali.

Fugimos do amor,
Da vida e de tudo o mais
Porque hoje dói viver
(lembra o que se esteve e sempre se estará a perder).

Toca o sino da igreja,
Bate a bota do trabalhador da cortiça,
Grita o porco que é esfaqueado…

Tudo presente,
Tudo no além do aqui.

Há portas que nunca deviam ter sido abertas
E há chão que se deve não pisar,
Regras que não são para trespassar.

Mas também,
Meu querido e minha querida,
O que mói na vida
É o não a derradeiramente (poder) sofrer.

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