terça-feira, 20 de novembro de 2012

Que quando as portas
Guincham
É quando elas são realmente velhas
E importantes.


Há que torcer a vida,
Esganiçá-la, se necessário,
Para fazer andar o meu sonho.

Rebelo-me dentro de mim
Enquanto assusto os outros
Com minha sobriedade de espírito.

Há que ser sozinho também,
Pois os outros levam-nos por caminhos
Que não sei.

E eu sei,
Sei muito!
(finge saber…)

Ó da casa
Não é que ela é tua
E eu, sendo eu, não a posso viver?

O desconforto que há
Nessas casas embrulhadas
Como presente
Sem nunca se abrir
Se morre lá dentro.

Ó alegria de partir!
Ser um outro
Sem o ter de ser.

Fantasmas se movem aqui e ali.
Fantasmas que consigo tocar, atenção.

Como já um outro eu,
Que fui, disse:
“nowadays dead people are more alive
Then alive ones”.

Que prejuízo levo da vida?

Nenhum claramente.

Assim, é ser outro
Constantemente
Enquanto o são
Escreve porque se esquece
(e daí aparece).

Não há melhor amigo
Ou amiga
Que a minha escrita.

Sou um tolo
Que resolve o negativo
Em positivo
Sem saber somar.

Como?

Não me defendo,
Só ataco.

Se não os outros
Ataco-me a mim mesmo.

Que sou eu
Senão a cinza
De um já passado eu?

Lembro-me de mim
Quando me esqueço
A escrever (sobre mim).

À noite recordo
O meu principio
De ser alado, fantástico
E assim a morte que me assiste
Reconhece-me mais que vivo,
Pois a venço.

Uma luta infernal
É diariamente executada dentro de mim.

Porquê?

Perdi tudo
E continuei assim,
Assim como, ao que parece, sou.

A vida é um divertimento.
Pois o sangue
Que me sustenta o corpo
Mantém também, bem vivo,
O meu cérebro.

Aquele intestino maravilhoso
Que invés de cagar
Inventa e sonha.

Que coisa maravilhosa!

Oh, não me toques.
Com essas vestes de ser actual
Poluis a minha aura universal.

Desculpe minha senhora
Mas é preciso ser louco
Para se manter a vida sã.

Um louco simples
Que se dissimula
Vestido de menino
E bem educado.

Ah mas que graça…
Por momentos, agora,
Fiquei pensando
Que isto que escrevo
É realmente louco e absurdo.

Não sabe o menino
Que o único medo
Que existe é o medo em si?

Sejamos guerreiros
Se não de pátrias, fronteiras,
Culturas ou tribos,
Do reino mental que é
Como dizer
Espiritual!

Que culpa tenho
De conseguir erguer estruturas orgânicas
Em plano virtual?

A angústia de viver
É coisa que se não pode ter.

Ir em frente
Sempre.

Parar um pouco
Com o amor
E o salgado sexo
E continuar .
Abrindo espaços incógnitos
Que não reconheçam humanidades.

De uma coisa
Eu estou certo:
Não me responsabilizo pelo que escrevo.

Escrevo o que sai,
O que tem de sair
Para conseguir eu
Viver a vida
Que tenho em mim.

Que se fodam as edições de autor!

Quero voltar aquela época
Em que o criador
Era incógnito
E não assinava o que criava!

O que interessa a individualidade
Quando o que se alcança é a universalidade?

Ó, que tou farto de bestas
Que querem saber quem os salvou!
(salvou de quê?)

Foi a vida,
Somente a vida.

Quem a criou
Apenas a escutou.

Está tudo dito.

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