segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Os olhos de poeta são determinados como os do Diabo.

Mas os meus olham bonito até o feio
E o esquisito.

Quer isto dizer que, pelas linhas que escrevo,
O poeta quer sair e assim o oiço
E concordo de que o sou,
Também, poeta sim.

Não o é fácil ser pois é todo oposto
Ao pragmatismo dos mercados.

Mas, enfim, carrego isto
Porque já faz parte de mim.

Sossego quando assim penso
Pois não lhe resistindo
Sinto-lhe apresso.

Preciso me expressar e manifestar.
Senão pela fala e gesto
Pelo dom mágico da escrita.

A arte está ainda em todo o lugar
Físico e material.
É só largar no chão todo o preconceito
E partir para a vida solto e leve.
Escutando e lidando com ela
A cada sopro.

Parece que não há
Então a despedida do poeta…

Como? Se ele hoje é tão eu
Como o eu que os outros vêem em mim?

Escrevo para me acompanhar em todo o lugar.
E assim o sozinho é sempre abrangente
Por não estar só.

Claro que há sempre um peso no peito,
Talvez por angustia de não voar
Ou de me resguardar tanto do barulho alheio.

Mas creio que se o aceitar
E o ajudar ele se irá deslargar de mim,
Aos poucos, encontrando outro lugar onde pousar.

As dores físicas são do coração
Que não dá o que pode e quer dar.
Pois a mente, coitada, que para viver
Tem que mentir ao coração…

Um pouco agora, depois menos, talvez,
E ainda depois, se calhar, esquece
E deixa de mentir.

Quero que o meu corpo, mente e coração
Se unam num só viver,
Num só sopro e movimento.

Gostaria de conseguir isto.

E já que hoje creio que crer e querer
É realmente poder posso alcançar isso.

Escrevo para a vida.
Escrevo para ajudar-me a vivê-la.

A arte, para mim, se não serve a vida
Então não tem fim.

Não me venham com tragédias,
Dramatizações e decadências
Em fórmula de preconceito intelectual
Pois isso pertence ao século passado.

Hoje vive-se.
Vive-se a vida já sem grandes ideais,
Se procura um belo que nela sempre há.

Pois que por mais que pequena, a beleza actual,
Ainda se chama beleza e é por nós correspondida.

Assim sendo, o papel de quem cria
É e será amplificar essa mesma (pequena) beleza
À grandeza da essência a que ela, claro está,
Ainda remete.

Há que ser forte, responsável, sereno e sóbrio,
Pois é a única maneira actual de não se deixar cair
A alma universal.

Passo a passo, com calma
Mas perfeita determinação,
A vida se fará.

Há beleza ainda…

Escuta-a e não a olhes pois ela é tímida.

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