segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Era eu um companheiro exímio de um cão.

Tratava a seu lado como se ele,
Tão pouco falante, me por fim
Mostrasse o que é a intuição.

Vieram-me fogos imensos
Memórias antecedidas
Pela consciência do presente.

Eram elas adoráveis
Que de rápido me mutilaram,
Eu ser de 1001 analizações,
Sem tempo a perder
Procurava devora-las a todas sinteticamente
O que me levou á exaustão,
Á extrema fadiga
E por fim á morte.


Nasci noutro dia,
Estava quente e me espreguicei
Como que naturalmente.

Olhei para o lado
E estava uma loba vestida de menina
A dormir.

Me olhei as patas
E ainda eram de homem,
Sacudi as pernas
E saiu-me uma cauda pela beira do lençol!

Fiquei perplexo!

Fui ao espelho
Olhei meu rabo
E de lá de tudo humano em mim
Saiu ou melhor
Estava uma cauda a mexer
Por vezes
Sentindo eu diversos “sentires”.

Acordei a menina ou a loba
E ela me rosnou
Pensei:
Está tudo louco!”
Ao que ela responde
“não querido, estava brincando”
Pensei:
“ é brasileira ou alentejana, das duas uma”

Perguntei-lhe donde era
Ao que ela me disse: “São Paulo”
“e onde estamos nós? Ai por diabos!”
“estamos na floresta”
“mas em qual floresta? De que sitio?
De que país?”

“Ai, não penses nisso,
Não os há por aqui…”

“Que ano é?”

“Fazes perguntas tão estranhas…”

“Jasus!” pensei “ estou a falar com
Uma loba coisas de humanos!”

“como vim aqui parar?”
Perguntei por fim.

“o quê? Não sabes quem sou?
Sou tua querida Dolcelinda!”

“Ai jasus” pensei “isto só piora!”


(“E continuava e continuava e continuava e continuava….”)

Sem comentários: