quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

O quanto de um só amor me posso perder
Em anos de retorno e novas descobertas
Que quando trazidas
Aos raios de sol do presente
Se logo derretem em minhas mãos.

Ainda sofregamente tentava
Juntar as peças e não as deixar fugir
Depois já as sabia donas da razão
E segui só com meio coração.

A noite tornou-se meu dia
E o dia minha noite.

Vivo ao contrário
E tudo o que faço é misterioso…

Enveredei por caminhos do espírito
Esquecendo-me do corpo
Lá para trás.

Quando finalmente a ele regressei
Estava débil e apagado de virilidade,
Assombrado pelas teias secas
Da aranha fria do racional.

Quis que me tirassem dali
Mas fechei-me no quarto à chave
E só quem tinha outra chave igual
Não vinha
Por não saber onde estou,
Onde estava.

Caminhei ás escuras ao som do toque
E descobri frescuras que nunca ali
Em mim tinha visto.

Fiquei tão deslumbrado pelo escuro
Que nele me viciei.

Nele havia tudo de tempo
Feito sonho de sempre.

Maravilhei-me com a ausência de visão
E a perpetuação de vida encontrada
Me fez persistir.

Quando enfim esqueci o que procurava
Me levantei e caí de não andar à tanto.

A gatinhar, fruto de um segundo nascer,
Adiantei-me à porta que com
Um sussurro de vontade se abriu.

A luz era já de outra vida e não a reconhecia.

Falaram-me lá fora
Dizendo “vem”.
Que dificuldade tive em lembrar-me
Do significado desse som…

Lembrei-me e me levantei com a ajuda de mãos ternas
Avancei de mão estendida para a frente
Não parei!

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