quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Escrevinhava de portas abertas,
Ouvia o vento sussurrar,
E escrevia.

Tempo passava e escrevia incessante
Historias que desejava viver.

A noite finalmente chegava
E ele desiludido parava.

“Mais um dia,
Nada aconteceu!”

Comia,
Se deitava “ amanhã, é outro dia”
Assim dizia.

De manhã comia
Se sentava e escrevia.

Nada,
Um dia mais.

“Há que persistir” se aconselhava.

No dia seguinte bateram à porta,
Ele fudido da vida,
Foi-a receber.

Jovem muda, doce que figurou
Entrada tal princesa.

Corou e a apresentou ao vazio
De seu espaço de escritor.

Ela sentou
E então falou por gestos
Ao que o tradutor deu voz:
“Venho da cidade de Jerelada,
Disseram-me que aqui figurava
Um jovem talento que não se encontrava,
Portanto venho ao seu encontro;
Estou aqui para o inspirar.
Sou Musa da ilha de Isilomena
E meu dever
É o reerguer em frente da estátua vivente!”

Calou-se por um tanto momento,
Ao que o jovem se prestou a reflectir intimamente.

“Parece que conheço isto,
Parece que já escrevi algo assim em tempos antigos,
Lembro-me desta história.” pensava ele.

Ela levantou os olhos e o olhou:
“Sim, sou eu:
Criada por seus sonhos,
Já antes de os ter existia eu,
Sou sua,
Seu encontro do sonho com o real.
Venho-lhe destinada.
O que sonha existe
E de o tanto acreditar magnetizou
A seu favor as forças do real.
Há forças, às quais sirvo,
Que não vejo mas sinto
Que me levaram a este espaço, a esta casa.
Aqui devo estar porque assim sinto.”

Ele não acreditava no que ouvia,
Baixava olhos e tocava e mexia as mãos.

Ela por fim disse:
“Agora tens tu de acreditar!”

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