sábado, 1 de junho de 2013

Amanso a sereia dos meus sonhos com ortografia civilizada. A aurora me canta um hino que só eu reconheço. Passagens ao lado e amigos do outro lado. Apresento-me ao mundo como um desconhecido. Peço desculpa mas caí aqui, não sei donde vim nem para onde vou. Assisto-me no caminho que faço e ele se vai sendo feito por mim ou por um outro de mim. Manteigas-me a disciplina, contigo as minhas certezas são escorregadias: ou excessivas para cima - forma de dragão - ou vão loucas ser sucumbidas à minha feroz razão. Deita-me a vida ao alto se faz favor. Quero que meu olhar raie almas e sonhos. Na esquina da rua vejo um sossego sentado na cadeira verde, fumando cigarro. Dou-lhe minha racionalidade por momentos e não alcanço nada senão incompreensão. Mata-me a vida para que gere arte apenas. Ou matai-me a arte para viver sangue somente. Olhei para cima e céu azul, me querido, olha. Olá infinito, como estás hoje? Memórias por vezes me chamam à atenção com caricias ou pancadas brutas e despropositadas. Memórias, passado de ter sido e talvez nunca encontrado. Mas já foi, não é? Sorrio aqui a tua dor porque sei que criança amor é traquinas e finge e faz beicinho, seduz quem dele maior. Fumo então eu um cigarro. Mata-me um pouco o que é bom. Além fronteiras que me não querem, consomem-me o tempo em desperdício. Amo a nossa gente mas abomino ser gente. Deixai-me passar, pois sou apenas quem transporta esta carga psicológica a que se chama, tão desadequadamente, consciência. Não, é uma central de criação, nem mais. Central de Criação. Ó sofrimentos e angústias tremendos a gozarem comigo. Meu peito, sopro de Deus, cela física de mim, coitado. Quem te conhece ó sereia? Fazes de mim quando andas por aí solta? Fugiste, todas elas fogem... Elas quem, meu caro? Elas pah, elas... Na curva apertada de ter caminho amanhã desconhecido a percorrer fujo-me um segundo, descanso eterno. Porventura o meu dia não virá e mal de meu menino ter nascido. Sorrio. Estas coisas de vir para aqui dizer coisas, escrever... Escrever. Coisa estranha. Ter prelúdio, ter prelúdio sim. Que horror a vida me chamar outra vez. A pele queima, a alma dança e o corpo tropeça, a mente finge. Mama-me Amor. Tenho de me dar ao mundo. Tenho demais para mim, meu querido, sabes que sim. Fui por aí, fui por aí e não voltei. Agora às escondidas, minha criança esquartejada pelo mundo, procura-me encontro para nos finalizar. A vida quer-me nela. A vida quer, a vida manda. Ó que coisa horrível! Sorrio. Fala-me do que não sei. Encanta-me o ouvido com tua voz de mar. Querem-me ali e eu só sei daqui. Peripécias da vida me fizeram esquecer. Esqueço quem fui para apenas Ser: perfeito instante de vida. Impossível, meu caro. Podes ter razão mas a razão já me não tem mão. Fui-lhe além. Sou de bem. Racionalidade é então uma coisa antiga, ultrapassada? Pois sim, pois sim. Comecemos por sentir, sintamos apenas. Falai menos. Tenhamos a força de perceber que mais não somos o que éramos. Somos apenas.      

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