segunda-feira, 24 de junho de 2013

Numa manhã de sol lindo acordo. A varanda mostra um céu azul imenso e mar.
Ponho os pés no chão, esfrego a cabeça para me esfregar os pensamentos ao nada.
Levanto-me, não pesado, e olho em frente.
Estou sozinho no quarto mas não o sinto. De alguma forma sinto-me acompanhado.
Lá fora, a rua, lembra-me o passado e no entanto estou onde nunca estive,
do outro lado do oceano.
Falam-me um português que dança com o vento e acarinha-me a mente.
Saio à rua para comprar pão e tudo me parece claro: a vida que tive, a que tenho
e a imprevisível que vejo-me vir a ser.
Tou sozinho mas esta solidão não é só. Como que tudo o que fiz até hoje me dissesse:
"É aqui, é aqui que deves estar." Sorrio. É um bom sorriso e é um sorriso só meu o
que me mais ainda alegra. Comprado o pão, em silêncio, só de trocos na mão, volto a casa.
Casa essa que não é minha casa mas de um amigo. Um bom amigo que me acolheu aqui.
Fruto perdido do passado mas a amizade junta o tempo sem ausência, sem distância.
É bom estar perdido em estar encontrado.  Já sem aquela dor de culpabilidade débil,
coisa de família, coisa sem cheiro ou tacto...
Mas sim, estou feliz, posso dizer que sim, pois na verdade não deturpei a realidade,
fi-la eu e assim mera continuação e no entanto perfeitamente singular nesta minha terna
e preciosa individualidade.
O tempo de amanhã desejo e procuro o bem tratar pela primeira vez.
Acabando o pequeno-almoço nestes pensamentos, liga-me ele. Tem concerto e quer ajuda.
"Sim, claro. Passo aí já."

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