domingo, 30 de junho de 2013

Uma urgência qual de desumana imaginação!
Pegar na mala da cabeça e ir!
Oh mas ir onde e com quem e sem chão de mim?
Vozes dos Açores chamam-me, de repente, à razão.
É pecado contê-las, é pecado as não ouvir e obedecer.
Que de oficio artístico encontrou ele deus.
Aqui, o desgraçado de deus, uma coisa como eu.
Um ser menino que de vez está com sono e outras tem o falo erecto.
Sim, porque deus é homem.
Deixem lá a nossa deusa-mãe ser não humana, ao menos isso!
Essa é brisa, terra, fala por movimento e é o nosso interpretar
que a nos faz ser também.
Deixem a mulher ser calada e sossegada,
rasgando toda a coerência da moral e espetando uma secta
de certidão de óbito já nesta vida.
Ah mas deus, sim, deus está aí, ao meu lado de mim.
Coisa pequena, coisa pouca. Depois de se dar umas pancadinhas
fraternas nas costas desse nosso gentil Senhor, a vida dos humanos
parece uma coisa tão mais interessante e mágica.
Esta coisa de estarmos uns com os outros com vontades e desejos,
certezas e preconceitos. Esta coisa de nos tão contermos para nos compreendermos,
para que a vida se faça com alguma ligeira calma, com certeza.
Ah mas a mulher, esse ser quase mitológico! Esse ser que fala ao lado do que quer,
esse ser confuso mas certo na sua confusão por meios alheios ao do homem.
E os corpos, jasus os corpos! Que beleza e sensualidade! Apetece trincar tudo, Tudo!
As mulheres são plataformas onde o homem deve pousar seu falo, em ordem a se tornar
coerente e decidido. Deve-se oferecer esse nada mágico mas perfeitamente real e afirmativo
órgão da sexualidade masculina à mulher. Ela sabe cuidar dele melhor, ó mas então não sabe!
Que coisa maravilhosa dois corpos dentro um do outro e quatro olhos a mirarem o universo!
É um vazio olhar quem se ama. Dá para ver a queda e o que desiste de existir nela.
Um velho cão ensinou-me há mesmíssimo pouco tempo que se não deve amar uma só mulher
pois que de um já me tenho a mim e é demais. Deve-se amar todas tendo por base uma (de cada vez).
Então se poderá amar como deve ser, apreciando a singularidade de quem se ama com uma ligeireza
que nem um fim de tarde na praia em tempo de Verão pode conceber. Vivamos para amar, se não os
outros então nós mesmos. Quando esse cansar - porque tudo cansa - amar outro, outra, outros, outras.
Tudo deve fluir e não há medo na vida pois deus hoje anda por aí, como um de nós, e a nossa mãe está calada e sossegada a perscrutar-nos cada passo que damos em seu ventre: o chão, a terra.

Deixa o sol cair que a noite o há de descobrir.

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