quarta-feira, 6 de abril de 2011

E me podia
Eu ter guardado para sempre
Sem nunca assim me ver
E ver sim o mundo.

Que infortúnio tanto
Que o larguei lá atrás e virei-o,
Vulnerável grandeza,
De quem sonha tanto
E tem um coração mole,
Mole demais.
E assim chora, chora
De alegria,
De ver o que sonha
Como uma dádiva
Não necessariamente sua.

Um dilúvio, e um tanto mais,
Foram dias que são hoje anos
Onde eu,
Com forças poucas de não-amor,
Deixei vir até mim
As forças muitas
Que me eram de essência.

Elaborar tristezas com saudades
De alegrias vividas...
Ah sim, aí se inventa vida
Da que era impossível viver.

Mas de tanto viver a por ainda viver vida,
vivi-a-a como quase fingida,
a vida que afinal era a mais minha.

De habituação quotidiana
O tempo me solidificou a fingidez
Em louvor sincero e merecido
De quem vê com e só a alma.

Daí a felicidade da tristeza
Me sair momentaneamente
Pelos olhos em solução salgada.

Não é pena
Mas bandeira alta,
Erguida
De meu coração, afinal, mole.

De meu desejo monstro
Valido minha inevitável fraqueza
Em existência possível em corpo humano.

Não creio em mais que isto.
Pode haver mais
Mas todo esse mais,
Estará já de tentáculos ligado
Ao meu menos.

Tanta coisa por fazer?

Não muita…
A pouca que tenho feito
Tem valido muito
Para o meio que sou.

Necessidades a mais
São fruto de nenhuma conclusão.

Já a tive, já a tenho,
Mas a minha não acaba
Com ponto final mas reticências.

Reticências essas,
Amigas do pensador.

Reticências essas
Que fazem crer em mais.

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