quarta-feira, 6 de abril de 2011

Vivemo-nos numa pressa
Que invalida a vida.

A vida, essa, tem
De se poder morrer
Para nunca morrer.

A pressa e a necessidade
Sistemática de ser produtivo
São coisas irreais à vida.

Acordar em desacordo
E comer o que não apetece
Seguindo em seguida
O corpo para onde não nascemos
É coisa doida.

O mundo, claro está, dirá
Que sou louco
Mas o tempo, esse meu conhecido,
Diz-me que estou certo.

Dar noite ao dia
E dia à noite
É o capricho de quem se quer
Sentir dono da vida
Como eu.

Colhemos a fome
Que nos atormenta
Daí nunca saciarmos.

Enveredam caminhos
Por nós que se apenas
Sentem
Mas ninguém os ouve…
Fala o dinheiro mais alto!

Gera-se a vida
Por números e o que
Se sente é loucura.

O porquê de recusarmos
O som do nada
Entristece-me…

No campo há
Mais calma
Mas de tanta,
Os humanos se refugiam
Geralmente, em doutrinas
Que pervertem a calma em sofrimento.

Falo do meu Portugal tão católico…

Estive no teu Portugal
E não vi a vida suficiente
Para se dignar à terra que cultiva,
Daí ela ser pobre pobrezinha
Como as almas madrastas
Que a cultivam.

Está frio e minha mente não se expande,
Não há poesia hoje…

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