quarta-feira, 6 de abril de 2011

Tanto sangue disposto
Em desistência
De quem não mais pensa.

Fica uma tão tamanha
Desconfiança que mesmo
Quem a tinha perdeu.

Primeira noite de verão,
Assim parece.
Uma noite onde os poros se abrem
Como que espalhando ao ar
As hormonas muitas
Que se querem acasalar com outras tantas.

E me dizem sorrisos em silêncio doce,
Os lábios a tocarem-se
E olhos de quem acredita.
Muita gente vejo eu assim,
Muita coisa linda
Deixam-me os meus olhos ver.
Tanta coisa, que me vou emocionando
Pelo caminho
Como se já de velho fosse
E soube-se que o fim está próximo
E daí o presente parece eterno.

Mas não. Sou eu jovem,
Tanto de corpo como de memória
E meu pénis adormecido
É um nada comparado ao
Falo
Com que num amanhã breve
Me exporei ao mundo infantil dos adultos.

Ai que sim, que jogo eu
Este som da vida, dando eu,
Mais ênfase à pausa que à batida
E na pausa encontro
O som do anterior expandido ao silêncio
Que não oiço mas sinto.

E me sinto eu um pequeno escutante
Que ouviu bem o que Deus lhe deu
Em forma de silêncio…

Como oiço eu o silêncio?

Silêncio, só um dotado do barulho ouve.

Silêncio é um qualquer Deus
Que nem precisa de existir.

Há muito que dizer mas, felizmente,
Sempre tanto mais por ouvir.

Ouvir…
Ouvi ontem uma feminina Mulher
Que se queda minha amiga e nisto
Me acode de afectuosos conselhos e alarmes
Dos quais lhe dou meio ouvido
Ficando o outro todo meio
Só para o coração.

Ai, que deveras é tão bom ter amigos
E mais ainda amigas.
Essas ensinam que de viver basta ser
E não demais parecer o que se não é
Senão não há comunicação.

É domingo, doce este meu domingo,
Oportunado, isso sim,
Por 2 televisões altas
A do café e a de um apartamento
Com certeza de um ser surdo
Pois demais alta.

Não sei se me concentro o suficiente
Para escrever…
Será que sim?

Tu o dirás, não é,
Leitor de tempos por vir.

Leitor esse que serei eu
E quem sabe muitos mais
Que virão uma só visão,
De uma mente que se expande e evolui
A qualquer lufada de ar que lhe dá vida.

Amansada pelo cigarro
Esse mesmo ar
É domesticado
Para não, demais, dar fruto
A analizações e fugas de vida
Impossíveis à estátua pensadora
Que hoje sou.

Sem comentários: