quarta-feira, 6 de abril de 2011

Tenho encontrado, eu,
Tanta vida que me não pertence,
Nem eu a queria
Mas de a ver
A se querer colher
Colho-a em forma de agradar,
Enchendo os bolsos e as já malas
De flores tantas que não minhas…

Vivo pesado de flores e coisas lindas,
Todas não minhas,
Vão murchando em mim
E eu me lembrando do dia em que as colhi.

Até que hoje
Me esqueci de tudo o que era de mim
E vivo com o dos outros,
O mais que posso,
Já que a procura se tornou minha casa.

Calma, a não tenho
E se dela por momentos me quedo
Logo se rui o tecto ou o chão
E caiu num pesado trambolhão
Num sítio escuro e de pouco oxigénio.

Para voltar lá acima
Preciso de uns tempos de amargura
Depois de alento em passado ou futuro
E logo apareço, quase onde estava,
De novo, só, olhando…

Que estranho é ser eu.

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