quarta-feira, 29 de junho de 2011

Bonito é ver o mar
E o português a pescar.

Bonito é saber
Que se continua
A bem comer.

Bonito é ser português:
Um bárbaro afável
Camuflado de europeu.

Bonito é ser simples
E pobre
Tendo a vida como
Um dado certo
Para o pouco que se tem, quer.

Bonito é saber ser pequeno
Para por dentro,
Às escondidas, se sentir bem grande.

Bonito é o sol e o calor
Graças
E vamos para a rua!

Bonito é saber apreciar
Com a vista
E saber que o tocar é menos
Que a fantasia
Que vive em nós,
Pensamento.

Bonito é ser daqui e não de lá.

Bonito é reconhecer
Que viver basta
E o demais
Que nos aflige
Dos tempos modernos
É devaneio,
É palermice.

Bonito é ter o corpo ao sol
E ostentar
Pele mulata ou preta
Com orgulho
E como identidade.

Bonito é olhar o horizonte
E saber que nos pertence
Não por ser nosso
Mas ter outras almas
Que falam nossa língua.

Bonito é saber de História
E saber de Filosofia,
Crenças e manias.

Bonito é ver que aqui
Estamos nós bem:
Uns a pescar,
Outros a olhar,
Outros a escrever,
Outros a ler,
Enquanto o mundo,
Lá atrás,
Anda de carro e compra
O que podia, por ele, se oferecer.

Bonito é estar na rua
E sabe-la viver.
Que há uma Arte da rua
E só dela sabe
Quem já a fez ou faz.

(Bonito é viver e ser português!)

Sem comentários: