quarta-feira, 29 de junho de 2011

Seja eu, seja o destino, a vida me escolheu pois me matou antes da morte. Estou-te grato, ó vida, sei o que querias de mim. Viste que era capaz de aguentar, capaz de ter em mim mais que por mim poderia albergar. Deste-me tu, ó vida, sinais bastantes para que eu me lembrasse e soubesse que aguento e persisto como sou e como tu me ensinas. Ó vida, tu és bela porque, afinal, me libertaste desta coisa de viver e não saber bem o porquê de o fazer. Obrigaste-me a ser, obrigaste-me a ter de ser eu, contra todas as probabilidades e nas maiores adversidades, tu me tentaste para ver se era digno de te carregar a chama. E hoje te levo e tu és eu e eu sou tu, estamos juntos e não me creio mais em solidão.

Toco o céu
E lhe falo
A mim
Pequeno
A imensidão que sinto.

Ó meu pai
Tu vives para sempre?
Ó minha mãe
Tu também?

Serras, pássaros,
Vento, conversas
Tudo isso
Deuses e parentes
Tão familiares
E distantes
Porque estão vivos e são eles.

Algo de ter
Quem me quer
Para não me disso
Ter que esforçar.

O tempo passa
E a noite demora.
É tempo
De eternidade
Ó dia!

Passavam comigo
Tardes inteiras
E quando me deixaram
Deixaram-me sozinho.

Eu sorri
Porque soube
Que se foram
Foi porque
Haveriam de ir.

Eles sabem e
Eu sei
Que estamos juntos
E que tudo isto continua
E a solidão
É o licor dos Deuses.

Sem comentários: